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A UNITA criou um "sistema de escrutínio paralelo" para contar os votos das eleições em Angola e concluiu que o MPLA não venceu as eleições, ao contrário do que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgou na quinta-feira.
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"Não existe a menor dúvida em afirmar com toda a segurança de que o MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de agosto. A UNITA não reconhece os resultados provisórios resultados pela CNE", explicou Adalberto Costa Júnior, candidato presidencial da UNITA, aos jornalistas em conferência de imprensa.
De acordo com os resultados apurados pelo sistema de escrutínio paralelo da UNITA anunciados pelo candidato presidencial, que analisou as atas, só em Luanda o partido obteve 1 417 447 votos, o que corresponde a 70% dos votos, "contrariamente aos 1 230 213 que correspondem aos 63% que a CNE atribui à UNITA".

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Adalberto Costa Júnior defendeu ainda que a votação foi "abusiva e ilegal", fala em "discrepâncias brutais" e pede a intervenção de uma comissão internacional para comparar as atas dos partidos com as atas da CNE.
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Perante esta "trapalhada da CNE", o candidato presidencial da UNITA pediu aos apoiantes para permanecerem calmos, serenos e confiarem na direção do partido.
"Forma um bocado subtil de querer pedir uma recontagem dos votos"
Emídio Fernando, diretor da Rádio Essencial em Angola, considera que esta é uma forma subtil de a UNITA pedir uma recontagem dos votos, mas o que vai acontecer a seguir é um mistério.
"Essa é que é a grande questão. Da parte da UNITA parece-me muito inteligente ter optado por fazer uma proposta à Comissão Nacional Eleitoral para se criar uma comissão internacional que possa avaliar os resultados, é uma forma um bocado subtil de querer pedir uma recontagem dos votos. A não ser que aconteça uma coisa verdadeiramente extraordinária, como por exemplo uma pressão internacional que obrigue à recontagem dos votos, não me parece que a Comissão Nacional Eleitoral vá aceitar a recontagem dos votos ou vá aceitar até fazer parte dessa comissão internacional por razões muito simples. A CNE é orientada pelo MPLA que, supostamente, não estará interessado em fazer essa recontagem dos votos", explicou à TSF Emídio Fernando.
Ouça as declarações do diretor da Rádio Essencial à TSF
Segundo dados divulgados pela CNE, quando estavam escrutinados 97,03% dos votos das eleições realizadas na passada quarta-feira, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) obteve 3.162.801 votos, menos um milhão de boletins escrutinados do que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos.
Já a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) registou uma grande subida, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica em Luanda, a maior província do país, conseguindo até ao momento 2.727.885 votos, enquanto em 2017 obteve 1.800.860 boletins favoráveis.