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Um navio porta-contentores encalhou no Canal do Suez depois de ter sido atingido por rajadas de vento e provocou a paragem da circulação marítima numa das rotas mais utilizadas do mundo, anunciou a companhia que opera a embarcação.
Uma foto divulgada na terça-feira mostra o navio MV Ever Given, com pavilhão de Taiwan, com 400 metros de comprimento e 59 metros de largura atravessado no canal impedindo o tráfego.
"O porta-contentores encalhou de forma acidental, provavelmente depois de ter sido atingido por uma rajada de vento", disse à France-Presse a companhia Evergreen Marine Corp.
A empresa acrescenta que "está em contacto com as partes envolvidas, entre elas a autoridade que gere o Canal do Suez, para ajudar o navio o mais depressa possível".
A agência Bloomberg indica que, após o incidente, mais de 100 navios estão a aguardar a possibilidade de passar pelo canal.
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"Houve um incidente, (o navio) encalhou", disse à Bloomberg o diretor da BSM Hong Kong que gere o MV Ever Given.
De acordo com o portal de vigilância marítima Vessel Finder, o navio tem como destino o porto de Roterdão, na Holanda.
"Os rebocadores estão neste momento a tentar fazer com que o navio volte a navegar", disse a empresa Leth Agencies, que fornece serviços aos clientes que utilizam o canal.
Um dia no Suez: emoção e "algum stress"
Numa situação normal, passar no canal do Suez já implica, por si só, esperar, "em média, um dia".
Quem o diz, na TSF, é o comandante Daniel Mestre. Tudo isto para acompanhar o chamado "comboio", uma fila de navios, "todos com um piloto local a bordo, que zela pela segurança e assessoria o comandante durante todo o trajeto".
Foi em 2015 que o português passou pela primeira vez no canal que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Recordando a experiência, o processo de travessia implica "muitos navios, a navegar muito próximos uns dos outros, e com muitos agentes da autoridade a subir a bordo".
O comandante Daniel Mestre fala sobre a experiência de atravessar o Canal do Suez.
As comunicações são muitas para assegurar a coordenação entre os navios que seguem no comboio. "É muita coisa a acontecer ao mesmo tempo", assinala Daniel Mestre.
No fundo, é "um dia carregado de emoções e de algum stress".
Todos os procedimentos mostram que há muito planeamento e muita preparação e que todos sabem o que fazer. Por isso, os acidentes - como o que aconteceu na última madrugada - não são frequentes. Mas, agora, resta esperar "os dias que forem necessários".
A atual estimativa das autoridades é a de que sejam necessários dois dias para retomar a normalidade.
"Vamos acreditar que sim, pessoalmente penso que será uma perspetiva demasiado otimista", reconhece o comandante. "Mas não é totalmente irreal."
O Canal do Suez, inaugurado em 1869, garante a passagem de 10% do comércio marítimo internacional.
Cerca de 19 mil navios utilizaram a passagem em 2020, de acordo com a Autoridade do Canal do Suez (SCA).
A passagem marítima é uma fonte de rendimentos essencial para o Egito, que beneficiou de 5,6 mil milhões de dólares em taxas, no ano passado.