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"Tudo isto poderá levar a uma guerra civil (...). Faço um apelo ao alto comando militar da Bolívia para que tenha consciência do que estão a fazer. O vosso comandante e chefe, por ordem constitucional e voto do povo, chama-se Evo Morales e devem restituir-lhe o poder", disse Nicolás Maduro.
Maduro falava em Caracas, num ato de apoio ao ex-Presidente da Bolívia Evo Morales, transmitido pela televisão estatal, durante o qual pediu aos militares bolivianos para que "não reprimam, não assassinem o povo".
O líder venezuelano afimrou que conversou esta quarta-feira com Evo Morales, após ter chegado ao México, país que lhe concedeu asilo. "Assim que pude, chamei-o por telefone e ele disse-me: Maduro, saúda o povo da Venezuela e diz-lhe que estou firme e que regressarei (...) à Bolívia", disse.
Segundo Nicolás Maduro a demissão de Evo Morales é ilegal porque foi "ameaçado de morte", com "uma pistola na cabeça".
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"É ilegal a renúncia de um mandatário, quando se dá no meio de coação, ameaça militar", frisou Nicolás Maduro que agradeceu ao seu homólogo mexicano, Manuel López Obrador, por "ter salvo a vida" de Morales, vincando que "tinham dado ordem para matar Evo".
Nicolás Maduro pediu ainda ao alto comando militar da Bolívia que "não reprima e não derrame mais sangue do povo boliviano. Respeitem a sua vontade, ordem constitucional e o Presidente legítimo Evo Morales".
O Presidente da Venezuela leu um a um o nome daqueles que integram o alto comando militar e da polícia boliviana e anunciou que ordenou ao ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López, que contacte Williams Kaliman Romero, comandante das Forças Armadas da Bolívia, para pedir-lhe que "não reprima o povo boliviano".
Por outro lado, condenou a proclamação de Jeanine Áñez como Presidente interina.
Evo Morales renunciou ao cargo no domingo, após quase 14 anos no poder, numa declaração transmitida pela televisão do país.
Morales demitiu-se depois de os chefes das Forças Armadas e da polícia da Bolívia terem exigido que abandonasse o cargo para que a estabilidade e a paz possam regressar ao país.
A Assembleia Legislativa da Bolívia recebeu na segunda-feira a carta de renúncia de Evo Morales, na qual o Presidente diz esperar que o seu gesto evite mais violência e permita "paz social" no país que governou durante 13 anos.
A Bolívia sofre uma grave crise desde a proclamação de Evo Morales como Presidente para um quarto mandato consecutivo nas eleições de 20 de outubro, uma vez que a oposição e os movimentos da sociedade civil alegam que houve fraude eleitoral.