"O povo entrar num comité do MPLA e vandalizar é algo de que não há memória"

Caso sério de descontentamento social. Uma greve de taxistas onde não há um sistema de transportes públicos estruturado, é, em si suficiente grave. "Todo o mundo é afetado pelos táxis. O centro da cidade está vazio"

Quando a variante Omicron chegou a Angola, o governo impôs, entre as várias medidas para tentar restringir a circulação do vírus, duas medidas que causaram profunda perturbação entre os taxistas: 50% de lotação máxima dos táxis e obrigatoriedade de apresentação do certificado vacinal por parte dos passageiros. Perante a convocação da greve, houve reunião dos representantes do setor com o Ministro de Estado e Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, e o governo voltou atrás num dos pontos, o da lotação. O executivo apressou-se a fazer divulgar que o problema estava ultrapassado, que a greve tinha sido levantada. Os taxistas entendem que não é o governo quem decide quando uma greve é levantada.

O quer aconteceu na manhã desta segunda-feira no bairro do Morro Bento, em Benfica, Luanda, é inédito, apurou a TSF. Não há memória de "o povo entrar num comité do MPLA e vandalizar", como afirmou à TSF um habitante da zona que prefere o anonimato.

Num país com trinta por cento de desemprego, números oficiais, e sem um sistema público de transportes estruturado, os táxis são usados por toda a gente (só Luanda tem mais de trinta mil taxistas) e uma greve faz o centro da cidade "estar hoje vazio" e haver "gente que aproveita para criar vandalismo". É todo um contexto "propício a este tipo de situações".

A paralisação dos taxistas, segundo a ANATA (Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola), tem como objetivo protestar contra a "discriminação na fiscalização do Decreto presidencial sobre estado de calamidade pública"; o "desrespeito e excesso de zelo dos agentes de base contra os taxistas na via pública", de que é exemplo a "responsabilização (multa) ao motorista, pelo facto de um passageiro ter baixado a máscara", de acordo com o comunicado a que a TSF teve acesso.

O setor queixa-se da exclusão dos taxistas nas políticas públicas do estado e a não materialização da profissionalização da atividade; e a proibição de acesso dos táxis azul-branco em algumas artérias da província de Luanda, como por exemplo, Viana sede, Distrito do Sequele, São Paulo". O setor reivindica ainda a atenção das autoridades para "o mau estado das vias e falta de respeito e consideração de alguns governantes contra os líderes das associações de taxistas".

Dos pontos enunciados, os taxistas reclamam que "só foi atendido verbalmente um ponto, faltando 6". Assim, aguardam que se materialize "por documento(despacho de órgão competente) e a resposta dos 6 pontos restantes".

Do mesmo modo, a associação que representa os taxistas repudia "o sensacionalismo praticado pela Tv-Zimbo em anunciar a suspensão da paralisação sem ouvir os organizadores da mesma", desafiando "que se faça o contraditório nos mesmos órgãos". O comunicado conjunto é assinado pelas associações ANATA, ATA, e ATL, representantes dos taxistas da capital angolana.

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