Oito manifestantes mortos em protesto em Myanmar. Jornalista da BBC desaparecido

Desde o golpe militar, já morreram pelo menos dois membros do NLD detidos pelas forças de segurança, sendo que pelo menos um terá sido torturado.

As repressões e o bloqueio informativo da junta militar que tomou o poder em Myanmar em fevereiro continuam a aumentar, contando-se esta sexta-feira oito mortos numa manifestação de protesto e um jornalista da estação pública britânica BBC desaparecido.

Segundo o jornal digital Myanmar Now, os oito manifestantes morreram em Aungban, no sul do estado de Shan (nordeste de Myanmar, antiga Birmânia) em protestos contra o regime, o que eleva o número de vítimas mortais causadas por tiros da polícia e soldados para 232 pessoas, desde 1 de fevereiro, segundo dados avançados pela Associação para Ajuda a Presos Políticos.

A morte dos oito manifestantes aconteceu horas depois de a junta militar ter detido Kyi Toe, um importante porta-voz do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD) que deu informações, nas primeiras semanas após o golpe de Estado, sobre a situação da líder deposta, Aung Saint Suu Kyi.

A detenção foi feita na noite de quinta-feira, segundo anunciou nas redes sociais a companheira do porta-voz.

Desde o golpe militar, já morreram pelo menos dois membros do NLD detidos pelas forças de segurança, sendo que pelo menos um terá sido torturado.

A junta militar também tem tentado reprimir os jornalistas que fazem a cobertura noticiosa dos protestos, tendo já sido detidos mais de uma dezena destes profissionais.

Esta sexta-feira, a BBC anunciou que um jornalista birmanês do seu serviço em Rangum "está desaparecido", depois de ter sido hoje levado por homens não identificados.

"Estamos muito preocupados com nossa repórter Aung Thura, que foi levada por homens não identificados", disse a mídia britânica em sua conta oficial no Twitter.

Na semana passada, um tribunal birmanês acusou seis jornalistas de violarem a ordem pública e manteve outros cinco em prisão preventiva, levando a embaixada dos Estados Unidos a lembrar que "silenciar a imprensa não impedirá que o mundo ou o povo da Birmânia [Myanmar] de reconhecer as ações aberrantes da junta".

A situação em Myanmar levou o Presidente indonésio, Joko Widodo, a pedir hoje a restauração da democracia naquele país, convocando uma reunião urgente de "alto nível" entre os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) para discutir a crise política birmanesa.

"A Indonésia apela à abertura imediata de um diálogo para a reconciliação, que restaure a democracia, a paz e a estabilidade na Birmânia [Myanmar]", afirmou Widodo, pedindo que o uso de violência seja "imediatamente interrompido".

O golpe militar, no dia 1 de fevereiro, atingiu a frágil democracia de Myanmar depois da vitória do partido de Aung Sang Suu Kyi nas eleições de novembro de 2020.

Os militares tomaram o poder alegando irregularidades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de os observadores internacionais terem considerado a votação legítima.

Desde então, milhares de pessoas têm-se manifestado contra o golpe militar, sobretudo na capital económica, Rangum, e em Mandalay, a segunda maior cidade do país.

Nas últimas semanas, os generais birmaneses têm intensificado o recurso à força para enfraquecer a mobilização a favor do regresso do Governo civil, com milhares de pessoas a descerem às ruas em desfiles diários.

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