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Paulo Rangel referiu, esta segunda-feira, que "há dúvidas se a aplicação de sanções [à Rússia] não poderia ter efeitos contraproducentes" na ação da União Europeia antes de uma invasão à Ucrânia. Por isso, defende que "todos os atores devem fazer um esforço enorme para levar a diplomacia até ao limite" e pede que "as autoridades ucranianas não respondam a provocações".
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"A diplomacia tem sempre espaço, mesmo para travar uma possível ofensiva que tivesse começado", respondeu Paulo Rangel, após ser questionado, no Fórum TSF, sobre a possibilidade de ainda ser possível desarmadilhar uma provável guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O eurodeputado do PSD, que é também é vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu, referiu que "há uma constante" na escalada de acontecimentos. "Todos os dias estamos a criar a esperança de que vai haver um diálogo mais consistente e depois somos desiludidos e ficamos desapontados porque verificamos que há uma espécie de dois passos para a trás e um para a frente", ao que lhe chamou um jogo de "stop and go" da Rússia.
Paulo Rangel elogiou o trabalho de Emmanuel Macron nas diferentes conversações, sublinhando o "papel relevante como interlocutor" do presidente francês e que, muito devido à sua ação, Vladimir Putin colocou em cima da mesa uma possível conversação com Joe Biden.
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O eurodeputado acredita que "é uma conversação a dois, mas, mais tarde, deveria ser algo que permitisse um entendimento duradouro no contexto do continente europeu", porque a Rússia "tem um papel" na região e "é preciso ter isso em atenção", mas isso, na sua opinião, isso "não significa ceder à chantagem" do país, sendo algo que "está a acontecer através da intimidação", acrescenta.
Ouça as declarações de Paulo Rangel ao Fórum TSF
Contudo, durante a manhã desta segunda-feira, o Kremlin já referiu essa cimeira seria "prematura" e Paulo Rangel criticou o "constante jogo do gato e do rato" da Rússia, explicando o termo como uma "constante informação e contrainformação, da disponibilidade para falar e depois não falar" do governo russo, algo que, na opinião do eurodeputado, "se olharmos para a tradição, é algo que o Kremlin sempre fez".
A manobra da Rússia permitirá, segundo Paulo Rangel, "ganhar tempo e isso é fundamental para um complemento diplomático", mas o eurodeputado português relevou a falta de "confiança estabelecida sobre a necessidade de falar entre ambas as partes".
Sobre a "polémica" declaração do presidente ucraniano Zelensky, que referiu a necessidade de "as sanções à Rússia já estarem parcialmente em vigor", Paulo Rangel revelou que na União Europeia "já está definido o quadro de sanções que a UE e EUA tomarão no caso de uma ofensiva russa".
Contudo, Volodymyr Zelensky contrapôs, dizendo que "essas medidas deveriam ter um efeito preventivo e não reativo", mas o eurodeputado explicou que "existem dúvidas sobre isso, porque um dos grandes problemas que existe é que o Kremlin possam aproveitar um pretexto para fazer uma invasão".
Agora, o maior desafio da UE é "evitar a todo o custo que as forças militares ucranianas não respondam a provocações", porque, poderia ser o "pretexto para uma escalada" de acontecimentos entre a Ucrânia e a Rússia, acredita Paulo Rangel.
Do lado russo, o eurodeputado acredita que tem de haver "constantemente um diálogo" com as diferentes instituições. Paulo Rangel concluiu com o que considera "um ponto interessante", porque o ministro da defesa ucraniano "disse que os russos não estariam ainda em condições de avançar".
Enquanto a NATO e os EUA referem, segundo o eurodeputado do Partido Popular Europeu, "que a invasão pode acontecer a qualquer momento", a Ucrânia "procura pôr água na fervura dizendo que a invasão não vai acontecer já" e isso deve-se, segundo Paulo Rangel, ao facto de "o estrangulamento da Ucrânia em termos financeiros é muito grande".
"Toda a gente está a sair da Ucrânia e, portanto, a economia já está a sentir efeitos terríveis", mas Paulo Rangel acredita na "diplomacia, mas para isso, é preciso estarmos preparados para o jogo do gato e do rato que vai ser permanente" por parte de Moscovo.