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"Quanto mais a Rússia carrega numa certa humilhação da Ucrânia, mais sobem o moral e a mobilização dos ucranianos." A descrição é do eurodeputado Paulo Rangel, que termina esta terça-feira uma vista à região de Kiev.
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O primeiro aniversário da guerra deixa, por estes dias, os habitantes e dirigentes da cidade nervosos com um eventual escalar dos ataques por parte de Moscovo: "Os ucranianos entendem que é uma tradição russa comemorar estas datas de forma muito veemente e violenta, o que cria ansiedade."
Em declarações à TSF, Paulo Rangel diz que, nas conversas que manteve com as autoridades e a sociedade civil, percebe-se que, apesar do desgaste e exaustão provocados por um ano de guerra, "a motivação dos ucranianos continua em alta, sendo clara a determinação numa vitória".
Ouça aqui o retrato da cidade Kiev, por Parlo Rangel
Ambiguidade chinesa
Poucos dias depois de ter apresentado um plano para a paz entre Moscovo e Kiev, a China recebe esta terça-feira o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, um dos principais aliados do presidente russo, Vladimir Putin. Paulo Rangel entende que este é um sinal de que continua a haver pontes de diálogo entre a Rússia e a China, mas também da ambiguidade chinesa neste confito.
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"Esta visita de Lukashenko vem confirmar o tom mais duro que Washington, Berlim e Bruxelas utilizaram para dizer que não era credível o plano da China e que, se a China queria ser um mediador, devia ter atuado - e deveria atuar no futuro, de forma bastante diferente. Isto vem reforçar o estatuto da China de ambiguidade, de falar a duas vozes, de não tomar uma posição para um lado ou para o outro", considera.
O eurodeputado social-democrata admite que esta possa ser "a posição que mais convém a Pequim", mas afirma que a postura de "dar uma no cravo e outra na ferradura, não ajuda a que a China possa ser, um dia, o interlocutor que possa trazer a Federação Russa para a realidade, para um cessar-fogo e, depois disso, para uma solução douradora para a paz".