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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen apresentou esta quarta-feira um plano focado na "redução" do consumo de gás na União Europeia. As medidas dirigem-se à indústria e também aos consumidores domésticos.
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A Comissão Europeia pretende que os Estados-Membros adiram de forma voluntária ao plano em que propõem uma "redução de 15%" no consumo total de gás, já a partir de Agosto, para garantir "um inverno seguro".
Bruxelas conta com a possibilidade de um corte "abrupto e unilateral" do abastecimento do gás proveniente da Rússia, com um risco agravado para 12 países da União Europeia que dependem por completo das importações da Rússia.
O objetivo de Bruxelas preparar eventuais perturbações no fornecimento de gás, ou até mesmo um "corte total", como já admitiu a presidente do executivo comunitário, no início deste mês. Von der Leyen considera que a Europa "tem de preparar-se agora", a contar com "mais problemas no abastecimento de gás, e até mesmo para um corte total do abastecimento do gás russo".
Estados-Membros como a Bulgária, Finlândia, a Polónia e principalmente os países do Báltico já deixaram de receber gás russo, e o abastecimento foi substancialmente reduzido para Alemanha, Dinamarca, Itália e Países Baixos. A expectativa de Von der Leyen é que Vladimir Putin continue "a utilizar a energia como arma".
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Nos últimos meses a Europa tem assistido a níveis recorde dos preços da energia, numa altura em que as importações da Rússia caíram para menos de um terço, quando comparadas com o volume médio de gás russo que chegava à Europa no período dos últimos cinco anos, de acordo com os dados da Comissão Europeia.
As medidas esta quarta-feira propostas pela Comissão Europeia são idênticas às propostas para combater o aquecimento global, mas dirigidas à "economia" de energia. Os governos europeus deverão avançar com campanhas nacionais dirigidas às famílias para estimular a poupança de gás através da diminuição da temperatura do aquecimento nas habitações. Os edifícios públicos, escritórios e comércio não deverão exceder os 19 graus.
Carvão e nuclear
Os Estados-membros deverão poder escolher de forma "temporária" se pretendem utilizar outras fontes de produção de eletricidade, por exemplo, recorrendo ao uso de "carvão" e aos geradores "nucleares".
Bruxelas espera que estas medidas possam ser levantadas o mais rápido possível, para que as metas do clima não sejam comprometidas.
Dependência
Bruxelas pretende o reduzir em dois terços as importações de energia russa até ao final do ano e libertar-se gradualmente da dependência energética da Rússia, através da diversificação das fontes de abastecimento, da constituição antecipada de reservas de gás, e, principalmente, através da redução da dependência dos "combustíveis fósseis".
O plano surge numa altura em que se adensam as preocupações perante a interrupção do abastecimento do gasoduto "Nordstream 1", através do qual chegam cerca de um terço das importações de gás russo para Europa. O fluxo de gás tem estado bloqueio devido a "problemas de manutenção", de acordo com as justificações da empresa russa de energia Gazprom.
O presidente russo, Vladimir Putin respondeu esta terça-feira, durante uma visita a Teerão, que a solução para os problemas do fluxo de gás para a Alemanha passa pela abertura do "Nordstream 2", o gasoduto construído quase paralelamente ao "Nordstream 1", mas que não chegou a ser inaugurado, como medida de resposta à invasão russa da Ucrânia.