"É um ato de pirataria." Portugal critica desvio de avião e pede "libertação" de jornalista bielorrusso

Avião da Ryanair fazia voo entre a Grécia e a Lituânia, quando foi desviado para a Bielorrúsia. Vários países já vieram exigir explicações.

O Ministério português dos Negócios Estrangeiros considerou "inaceitável" e merecedora de uma "firme condenação" a aterragem forçada na Bielorrússia de um avião em que seguia o jornalista Roman Protasevich, pedindo a "libertação imediata" deste. Em entrevista à TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros fala de um ato de pirataria contra um avião civil e considera que a atitude da Bielorússia é condenável.

Em declarações à TSF, Augusto Santos Silva salienta que o episódio já foi condenado a uma só voz na Europa, mas prevê o agravamento de sanções contra a Bielorússia depois da reunião desta segunda-feira do Conselho Europeu.

"A aterragem forçada hoje na Bielorrússia de um avião europeu, em rota entre duas capitais da União Europeia, é inaceitável e merece a nossa firme condenação. Exigimos a libertação imediata de Roman Protasevich", publicou o ministério português, na última noite, na plataforma social Twitter.

O ministério tutelado por Augusto Santos Silva lembrou que "o Conselho Europeu discutirá este assunto amanhã [segunda-feira]", à semelhança do anunciado esta tarde pelo porta-voz do presidente deste organismo europeu, também no Twitter.

Charles Michel colocará assim na agenda do Conselho Europeu o caso do avião que seguia de Atenas (Grécia) para Vílnius (Lituânia) e que foi desviado para Minsk (Bielorrússia), onde o jornalista Roman Protasevich, que seguia a bordo, acabou por ser detido.

A União Europeia (UE) já se preparava para reforçar as sanções existentes contra o regime da Bielorrússia.

Para o diretor executivo da Amnistia Internacional em Portugal, este é um caso muito grave. Pedro Neto lembra que as acusações de que o jornalista é alvo são, na Bielorrússia, passíveis de serem punidas com pena de morte.

"As acusações de que ele é alvo são de terrorismo e de incitamento ao terrorismo. Ele, o que fez, foi o seu trabalho de jornalista, ainda que como dissidente. A gravidade desta acusação é que enquadra uma possível pena de morte e isto é muitíssimo preocupante", explicou à TSF Pedro Neto.

O diretor executivo da Amnistia Internacional considera ainda que esta operação desencadeada pela Bielorrússia ultrapassa tudo o que até agora tinha sido feito pelo regime de Lukashenko.

"Fazer levantar um caça para escoltar um avião comercial que está num voo internacional e a passar no espaço aéreo da Bielorrússia é um elevado nível de perseguição. Na liderança de Lukashenko não me surpreende e o The New York Times diz que foi o próprio a dar estas ordens. Aquilo que está a acontecer também esteve à vista de todos desde o último processo eleitoral, que não foi transparente, à forte repressão à contestação na rua e à liberdade de expressão e de reunião, não só dos manifestantes mas também aos jornalistas e a todos aqueles que têm uma voz de oposição", acrescentou o diretor executivo da Aministia Internacional.

Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou que o desvio do avião é "um incidente sério e perigoso que requer investigação internacional".

O avião da Ryanair fazia um voo entre a Grécia e a Lituânia, dois países membros da NATO.

Roman Protasevich, cujo canal Nexta na rede social Telegram se tornou na principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020, viajava de Atenas para Vílnius e acabou detido pelas autoridades bielorrussas, quando os cerca de 120 passageiros do avião da Ryanair foram forçados a submeter-se a novo controlo em Minsk devido a um suposto aviso de bomba.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou "totalmente inaceitável" a aterragem forçada em Minsk do avião da Ryanair, que seguia de Atenas para Vílnius e sublinhou que "qualquer violação das regras de transporte aéreo internacional deve ter consequências".

Por seu lado, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, defendeu que o Conselho Europeu deve decidir, na reunião de segunda-feira, sanções à Bielorrússia, incluindo a proibição de a companhia Belavia aterrar em aeroportos da UE.

Notícia atualizada às 09h25

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