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O Prémio Sakharov 2019 foi atribuído, esta quinta-feira, pelo Parlamento Europeu, a Ilham Tohti, um ativista dos direitos da minoria uigure na China. Teresa Nogueira, que coordena o grupo sobre direitos humanos na China da Amnistia Internacional em Portugal, considera que a atribuição do prémio Sakharov é uma forma de chamar a atenção para certas causas e destaca o percurso do vencedor deste ano, dedicado a uma das minorias que mais sofre na China.
"Ilham Tohti era um respeitadíssimo professor de Economia da Universidade Central das Nacionalidades, em Pequim, e foi o fundador do site bilingue Uighur Online, onde mostrava o descontentamento dos uigures pelas políticas do Governo chinês que limitavam o uso da língua uigure e restringiam severamente a prática da sua religião, que é maioritariamente muçulmana", recordou Teresa Nogueira, ouvida pela TSF.
"Foi condenado a prisão perpétua em 2014, acusado de separatismo. É uma acusação que os chineses têm usado amplamente contra os uigures, cuja nacionalidade eles querem fazer desaparecer, tal como os tibetanos", atirou a representante da Amnistia Internacional.
Teresa Nogueira, da Amnistia Internacional, revê o percurso do vencedor do Prémio Sakharov
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Teresa Nogueira indica que há, nesta altura, cerca de "um milhão de uiguires em campos de concentração, a que os chineses chamam de 'campos de transformação pela educação'".
Uma reportagem transmitida pela BBC, em julho deste ano, denunciava que a China está a separar deliberadamente crianças muçulmanas das famílias na região de Xinjiang, no extremo Noroeste do país.
"É muito comum. Os pais vão para campos de concentração e os filhos vão para infantários próprios para crianças uigures, para serem formatadas logo dentro da doutrina chinesa", afirmou Teresa Nogueira.
Teresa Nogueira descreve as dificuldades sentidas pelo povo uigure na China
Ilham Tohti celebra 50 anos esta sexta-feira, dia 25 de outubro.