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Victor Ângelo considera que o balão é uma forma "estranha" de a China fazer espionagem, mas acredita que foi um teste à defesa dos Estados Unidos da América e que os norte-americanos devem tentar capturá-lo para perceber "para que serve".
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"Os EUA vão tentar capturar este balão. Eu penso que, neste momento, a preocupação não é abater, mas tentar capturar, porque é fundamental que eles percebam exatamente qual é a composição deste balão e para que serve. Destruí-lo seria a última hipótese. A hipótese mais interessante para as forças armadas americanas é tentar capturar este balão tão intacto quanto possível", explica o antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas.
Para Victor Ângelo, este balão foi "um teste à capacidade defensiva e de vigilância dos Estados Unidos" que é "muito importante, porque os chineses podem depois tirar conclusões em relação a operações futuras".
Victor Ângelo diz que "os EUA vão tentar capturar este balão"
E os EUA passaram nesse teste? "Eu diria que demoraram algum tempo a passar, mas também diria - e aí não tenho qualquer tipo de dúvidas - que este balão vai fazer com que os EUA aumentem de uma maneira excecional a capacidade de observar e vigiar o espaço aéreo."
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O antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas lamenta que isto tenha acontecido "na altura em que o secretário de Estado norte-americano estava prestes a partir para a China e em que a própria China tinha mudado a sua política em relação aos EUA, no sentido de uma aproximação". Ainda assim, estranha a forma.
Foi "um teste à capacidade defensiva e de vigilância dos Estados Unidos"
"Hoje em dia já não se faz espionagem com balões. Faz-se espionagem com aviões especiais. Há aviões que sobrevoam constantemente o espaço aéreo de diversos países e que recolhem todo o tipo de informações, todo o tipo de comunicações e todo o tipo de imagens. Por isso, esta do balão é muito estranha. É quase como voltar há 45 anos, mas não se sabe exatamente o que é", considera, ainda que garante que é sem dúvidas "uma intromissão abusiva no espaço aéreo americano, sobretudo numa zona extremamente sensível, porque é a zona onde eles têm uma série de bases com mísseis especiais".
Mas não vai parar: "A China tem sistemas de recolha de informações em toda a parte. Em Portugal, em todos os países da União Europeia e em praticamente toda a parte. A China tem uma máquina de recolha e de análise de informações excecional. Isso vai continuar. Faz parte da política externa e de segurança da China e eu não vejo aí qualquer diferença em relação ao passado, antes pelo contrário."
Os Estados Unidos adiaram uma visita à China do seu chefe da diplomacia, Antony Blinken, devido à deteção de um balão chinês a sobrevoar locais sensíveis no país.
Blinken deveria visitar Pequim no domingo e na segunda-feira, e tinha na agenda um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping.