Pressão internacional tem de ser "muito forte" para cessar-fogos serem respeitados

Arnaut Moreira, especialista em Geopolítica e Geoestratégia, fala sobre a tragédia de "meter pessoas em autocarros para as tirar das cidades e depois fazê-las regressar" por os cessar-fogos não serem cumpridos.

O major-general Arnaut Moreira considera que os cessar-fogos são muito frágeis. Em declarações à TSF, o professor de Geopolítica e Geoestratégia da Universidade Nova de Lisboa explica que o calar das armas pode ser facilmente posto em causa.

A Rússia propôs, esta segunda-feira, um cessar-fogo para a abertura de quatro corredores humanitários, nas cidades ucranianas de Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy, por causa das condições em que a guerra deixou as populações. No entanto, a proposta russa foi rejeitada pela Ucrânia, uma vez que alguns dos corredores humanitários conduziriam os cidadãos ucranianos para a Rússia ou para a Bielorrússia, aliada desta.

"Não é uma opção aceitável", declarou Iryna Vereschuk, vice-primeira-ministra ucraniana. Os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy "não irão para a Bielorrússia, para, de seguida, embarcarem num avião para a Rússia", acrescentou.

Ouvido pela TSF, Arnaut Moreira afirma que, mesmo com um cessar-fogo, uma das partes pode "ser tentada a fazer um movimento, porque não está sob o fogo do inimigo, e isso leva a uma imediata reação". "Portanto, estes períodos de trégua são, normalmente, muito curtos", constata.

O especialista em Geopolítica e Geoestratégia frisa a necessidade de uma "pressão internacional muito forte" para que um cessar-fogo seja respeitado, nomeadamente, com as Nações Unidas a serem "mais vocais no apoio a organizações que estão preparadas para fazer estas evacuações" no terreno.

"A própria Cruz Vermelha não sente que estejam reunidas condições para que essa evacuação possa ser feita em segurança. Estamos aqui nesta tragédia de meter pessoas em autocarros para as tirar das cidades e depois fazê-las regressar novamente, numa altura em que elas já alimentavam esperança de que poderiam finalmente encontrar alguma tranquilidade", repara.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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