Programa Alimentar Mundial tenta ajudar 50 mil pessoas em "catástrofe humanitária"

Vão ser distribuídos pacotes de alimentos de emergência e, em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), água potável a uma "população desesperada".

O Programa Alimentar Mundial (PAM) afirmou esta quarta-feira que tenta prestar apoio de emergência a 50 mil pessoas em Moçambique, onde se vive "uma verdadeira catástrofe humanitária", depois dos ataques armados em Palma desde 24 de março.

Num comunicado, o PAM alertou que "milhares de moçambicanos estão a entrar em situação de insegurança alimentar ainda mais profunda" e que não terá recursos suficientes para suportar o aumento de necessidades que se estima.

"É uma verdadeira catástrofe humanitária", disse Lola Castro, diretora regional do PAM na África do Sul, acrescentando que a situação está a afetar as províncias vizinhas de Cabo Delgado, com as pessoas a dirigir-se para "todo o lado, de barco, a pé ou pela estrada".

O PAM está a tentar ajudar 50 mil pessoas em Moçambique, "afetadas pela violência mortífera em Palma", com a distribuição de pacotes de alimentos de emergência e, em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), fornecer água potável a uma "população desesperada", segundo a nota.

"Não temos recursos suficientes para suportar o aumento de escala necessário", afirmou Lola Castro.

Segundo o comunicado, a organização precisa de 10,5 milhões de dólares (cerca de 9 milhões de euros) por mês para dar assistência à população necessitada em Moçambique, calculando que pelo menos 98 milhões de dólares (83,5 milhões de euros) são indispensáveis para os próximos 12 meses.

De acordo com os últimos números, 950 mil pessoas em Cabo Delgado e nas províncias vizinhas de Niassa e Nampula sofrem de insegurança alimentar.

O comunicado alertou que "a província de Cabo Delgado já tem as taxas mais altas de desnutrição crónica em Moçambique, com mais da metade das crianças desnutridas" e que agora "milhares estão a entrar em situação de insegurança alimentar ainda mais profunda".

Em fevereiro contavam-se cerca de 670 mil pessoas deslocadas internamente, das quais 80 mil "estão atualmente inacessíveis por causa da violência".

O PAM indicou que o conflito em Cabo Delgado está a desenrolar-se desde 2017 e durante três anos a população moçambicana sofreu, com a agravante dos ciclones e tempestades tropicais de 2019 e 2020.

"Ao longo de 2020, a violência aumentou, enquanto o número de pessoas deslocadas se multiplicou", lê-se no comunicado.

Para Lola Castro, a situação "é muito séria", estando em questão "pessoas já desesperadas" há anos e outras "recentemente deslocadas", "que não têm nem comida, água, abrigo, nada".

"Uma enorme tragédia humanitária desenrola-se diante de nós", declarou a responsável, acrescentando que os deslocados tentam ser acolhidos por famílias, comunidades de acolhimento ou centros de reassentamento do Governo.

"À medida que o PAM responde, o desafio atual não é de forma alguma surpreendente. A organização há muito se esforça para apontar a ligação entre a insegurança alimentar, a violência e os movimentos em massa das populações. No entanto, apelos anteriores de financiamentos não foram atendidas", salientou a nota.

A vila de Palma, cerca de 25 quilómetros do projeto de gás natural da multinacional Total, sofreu um ataque armado na quarta-feira da semana passada que as autoridades moçambicanas dizem ter resultado na morte de dezenas de pessoas e na fuga de centenas.

A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da ONU, e mais de duas mil mortes, segundo um cálculo feito pela Lusa.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

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