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A emissão especial da rádio pública ucraniana já dura há um ano, como também já há um ano dura a guerra. É partir de um bunker em Kiev, guardado por militares armados e muita polícia, que esta redação já com 98 anos vai trabalhando e emitindo, naturalmente, sobretudo notícias da guerra.
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Yuri Tabachenko é produtor do canal um da rádio e, enquanto se preparar para falar com a TSF, vai escutando - como todos os ouvintes ucranianos - o discurso com que Volodymyr Zelensky assinala o primeiro ano da invasão russa.
Há um ano numa "maratona" radiofónica.
Antes, já o porta-voz das Forças Armadas ucranianas tinha avisado que durante o dia podiam chegar ao país "surpresas desagradáveis" da parte russa. Apesar disso, é de assinalar que esta noite não se ouviram sirenes de alerta.
A palavra é agora de Yuri Tabachenko, não aos microfones da sua rádio, mas ao da TSF. Esta manhã, confirma, "não é diferente" das últimas 364. "É uma maratona."
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Ouça aqui a entrevista com Yuri Tabachenko.
Há dezenas de jornalistas a trabalhar um só tema, o da guerra, mas sob ângulos diferentes. Por exemplo, na rádio Kultura está a esta hora a ser entrevistado Bernard-Henri Levy, escritor francês que desde o início da invasão foi à Ucrânia por várias vezes em manifestações de apoio.

© Rui Polónio/TSF
É num edifício antigo, próximo da Praça Maidan, no centro da capital, que os estúdios da Rádio Ucrânia se espalham por seis pisos. Lá funcionam também uma plataforma digital e um canal de televisão.
A programação deste dia conta também com uma grande reportagem que passa em revista as primeiras horas da invasão. Conta com o testemunho de vários ouvintes que, nas primeiras horas, serviram também como repórteres.
Os ouvintes escrevem e telefonam a agradecer o trabalho desta redação que, no último ano, nunca parou de emitir, mesmo que muitas vezes em condições muito difíceis.

© Rui Polónio/TSF
Roman Kolyada, editor do canal um da rádio, estava a trabalhar quando a guerra começou. "Foi terrível, havia medo e incerteza", mas também um outro sentimento que não esquece.
Roman Kolyada descreve uma mistura de "medo e incerteza" com a obrigação de cumprir com o dever jornalístico.
"Somos a Rádio Ucrânia, temos de continuar a falar do mais importante para as pessoas: corredores humanitários, alertas aéreos, tudo o que fosse notícia naquele momento", recorda. "Foi difícil, mas é o nosso trabalho."
Desde aí, reforça, é "a mesma emissão, 24 horas por dia, sete dias por semana". E pode ser ouvida aqui.