Reservas de água infetada colocam três milhões de pessoas em perigo no Zimbabué

As conclusões são de um estudo que ainda não foi tornado público e que alerta que a água contaminada pode causar doenças no fígado e no sistema nervoso central.

Um estudo ainda não publicado revela que a água de uma reserva contaminada está a colocar três milhões de pessoas em risco, em Harare, na capital do Zimbabué, avança o The Guardian. A água que chega aos residentes da cidade tem origem numa reserva infetada por toxinas perigosas.

O estudo realizado no ano passado pela empresa sul-africana Nanotech Water Solutions refere que as toxinas presentes na água podem causar doenças do fígado e do sistema nervoso central. "O principal objetivo era demonstrar a capacidade oxidativa do dióxido de cloro nas algas e as suas toxinas associadas, microrganismos patogénicos (causadores de doenças) e outros micro contaminantes", refere a investigação, citada pelo jornal britânico.

A oxidação é um processo químico que remove os materiais orgânicos e não orgânicos presentes na água. A eliminação das algas e das suas toxinas, em particular as hepatotoxinas (que afetam o fígado) e as neurotoxinas (que afetam o sistema nervoso central) é essencial para a produção de água potável segura.

De acordo com o estudo, as toxinas foram encontradas nas algas dos principais reservatórios de Harare, incluindo os lagos Chivero e Manyame. Os investigadores acrescentaram que o mau cheiro e cor acastanhada da água na capital do Zimbabué estão associados a diversas espécies de algas.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, as algas nocivas produzem toxinas perigosas na água doce. Por esta razão, a agência norte-americana alertou os habitantes da cidade para que se mantenham afastados da água que apresente cor verde e mau cheiro.

A fundadora e coordenadora da Harare Residents Trust, Precious Shumba, relata que as notícias que deram conta do estudo exaltaram a população local. "Os moradores queixaram-se inúmeras vezes do forte cheiro que sai da água que é entregue aos moradores de Harare", disse, citada pelo mesmo jornal. "A água tem impurezas visíveis que criam dúvidas e inseguranças entre os consumidores", acrescentou.

Sumba mencionou ainda que os habitantes vivem com receio de contrair doenças resultantes da água suja e não confiam mais no abastecimento da cidade. "Há receio de adoecer com cólera, tifoide e outras doenças mortíferas que podem ser causadas por estas partículas presentes na água urbana. A cidade sempre defendeu a qualidade da água, afirmando que essas partículas são inofensivas", disse.

O presidente da Câmara Municipal de Harare, Herbert Gomba, defendeu a qualidade da água da cidade, insistindo que é segura para beber. "É segura, de acordo com os relatórios da nossa equipa de qualidade", disse.

"Estamos a enfrentar desafios cambiais, a infraestrutura é antiga e nunca foi destinada à grande população que hoje é servida", afirmou Gomba, acrescentando que estão a "trabalhar seriamente para enviar mais água através da reforma da infraestrutura".

A cidade de Harare gasta três milhões de dólares (equivalente a 2,7 milhões de euros) por mês em químicos para a purificação da água. Os residentes mais pobres são os mais afetados por esta crise, uma vez que não têm condições para comprar água.

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