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Devido à crescente crise nas fronteiras da Ucrânia, onde a Rússia mantém meios militares que fazem recear um ataque em grande escala, os ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) da União Europeia (UE) reúnem-se esta segunda-feira, em Bruxelas, com o seu homólogo ucraniano. Portugal estará representado pelo ministro Augusto Santos Silva, que considera que uma possível revisão da "arquitetura de segurança da Europa" deve ser feita através de "meios diplomáticos" e não por "ameaças e intimidação".
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"Se é necessário rever a arquitetura de segurança da Europa, tal como ela foi desenhada a partir dos anos 70, então que mostremos todos disponibilidade para revê-la. Essa revisão deve fazer-se por formatos políticos e diplomáticos, e não por ameaças, chantagem, intimidação ou agressão. Nada disso é uma linguagem aceitável no século XXI", afirma em declarações à TSF.
Ouça aqui, na íntegra, a entrevista da jornalista Guilhermina Sousa com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva recorda que a Rússia apresentou "uma série" de preocupações relativamente à segurança tendo em conta uma futura adesão da Ucrânia à NATO ou à União Europeia. Segundo o MNE, essas preocupações "merecem ser consideradas". No entanto, "o que a Rússia tem feito nos últimos meses na fronteira com a Ucrânia e, mais recentemente, com a Bielorrússia são ações de intimidação que não são aceitáveis".

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Sobre o possível encontro entre Putin e Biden, Santos Silva fala numa "expectativa muito positiva". "Esperemos que se cumpra e que o encontro se realize. Isso já será um sinal muitíssimo positivo. E que reproduza resultados concretos. O resultado que precisamos é passar urgentemente estas questões do plano militar para o plano político e diplomático", sublinha.
Nos últimos dias, tem crescido o protagonismo do presidente francês nesta crise. O MNE interpreta "muito positivamente" o papel de Emmanuel Macron. "Está a cumprir exemplarmente os seus direitos e obrigações enquanto presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Representa-nos a todos nós. E está a fazer valer o peso próprio da França e da política externa francesa."

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Questionado sobre o comportamento da Ucrânia, que não tem respondido aos disparos de forças separatistas pró-russas contra as suas posições, Augusto Santos Silva nota que os ucranianos têm "dado mostras de enorme contenção nesta crise". "É um elemento de racionalidade. A outra parte deveria também usar meios racionais. O regresso ao cessar-fogo é uma condição essencial de qualquer desanuviamento", acrescenta.