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O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, acusou esta terça-feira os radicais ucranianos de terem sido os autores do massacre na cidade de Bucha, onde foram encontrados dezenas de civis mortos nas ruas, numa tática que terá sido inspirada em Joseph Goebbels, o Ministro da Propaganda da Alemanha Nazi.
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A discursar na reunião do Conselho de Segurança, Nebenzya assinalou que a guerra chegou a uma fase em que se assiste a "eventos criminosa e obviamente encenados", com ucranianos "mortos pelos seus próprios radicais, segundo a melhor tradição de Goebbels, para acusar o exército russo" da autoria do ataque.
Isto terá ocorrido, defende, em áreas "de que as forças russas saíram depois de terem sido encorajadas, em Istambul, conversações de paz".
"Afinal não nos devíamos ter retirado. Em relação a Bucha, percebo que viram cadáveres e ouviram testemunhas, mas só ouviram aquilo que eles vos mostraram. Não podem ignorar as flagrantes inconsistências entre as versões apresentadas pelos média ucranianos e ocidentais", realçou o diplomata russo, que contesta as acusações de que os civis tenham sido executados pelas forças russas.
Os corpos "não estavam lá imediatamente a seguir à retirada russa, algo confirmado por vários vídeos", alegou Nebenzya, citando também a existência de gravações em que "radicais ucranianos pediam que se disparasse sobre pessoas com braçadeiras brancas e civis".
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"Os corpos não podem sequer ser de pessoas que estivessem nas ruas há três ou quatro dias", assinalou o diplomata russo, que fala de "informação cientificamente absurda" difundida pelo New York Times.

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Zelensky "chama, com escárnio, subespécie aos residentes das Repúblicas de Lugansk e Donetsk"
A intervenção de Nebenzya na reunião desta tarde aconteceu poucos momentos depois do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky ter discursado. Numa abordagem direta ao líder da Ucrânia, e aproveitando a sua "presença virtual" na reunião, o representante russo na ONU atribuiu-lhe a autoria das "acusações infundadas contra os militares russos".
"Em 2019, quando foi eleito, havia muita esperança colocada sobre si, porque enquanto candidato pediu paz e o fim da guerra no Donbass, comprometendo-se também a proteger a população que fala russo", sublinha Vasily Nebenzya. "Parecia que estávamos à beira de corrigir uma injustiça histórica quando, na sequência da Revolução do Maidan, em 2014, a Ucrânia começou a ser transformada num odioso Estado antirrusso."
Agora, Zelensky "chama, com escárnio, subespécie aos residentes das Repúblicas de Lugansk e Donetsk", apontou o diplomata russo, as mesmas pessoas que já teriam ouvido do líder ucraniano anterior que iriam "apodrecer nas suas caves".
Assim, defende, Zelensky "declarou guerra contra o seu idioma russo nativo ao introduzir o que é, essencialmente, uma inquisição linguística num país em que o russo é a língua-mãe de pelo menos 40% da população".
As explosões e o conflito, assinala, tornaram-se inevitáveis porque "infelizmente não havia outra forma de levar a paz ao Donbass depois de o senhor Zelensky e os seus subordinados terem recusado categoricamente respeitar os acordos de Minsk".
"Não viemos à Ucrânia para conquistar território, viemos para trazer a muito esperada paz ao sangrento Donbass. Não uma trégua, mas sim paz duradoura. Para isto, temos de eliminar a crueldade, o tumor maligno nazi que está a consumir a Ucrânia e que, a seu tempo, consumiria a Rússia. Vamos atingir esse objetivo, espero que em breve", prometeu o diplomata russo.
Sobre a velocidade da operação russa, o representante explica que não está a avançar "tão rápido quanto se pensaria" porque a Rússia não é como os Estados Unidos, que na Síria, "arrasaram cidades sem piedade".
"Mas nós temos pena, porque estas pessoas são-nos próximas", garantiu. Já os radicais "não têm nada a perder e não podiam importar-se menos com os civis. Estão prontos a enterrar com eles toda a população da Ucrânia, como ficou claramente demonstrado pela provocação de Bucha".