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A Rússia continuará a respeitar os limites impostos ao seu arsenal nuclear pelo tratado New START, apesar da decisão de suspender este importante acordo russo-americano de desarmamento, anunciada esta terça-feira pelo Presidente Vladimir Putin.
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"A Rússia pretende manter uma abordagem responsável e continuará, durante a vigência do tratado, a observar estritamente os limites quantitativos das armas ofensivas estratégicas", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo através de uma declaração.
Putin anunciou a suspensão da participação da Rússia no tratado New START, o último acordo bilateral de desarmamento nuclear entre Moscovo e Washington, que tinha sido prorrogado até 5 de fevereiro de 2026.
O ministério russo justificou esta decisão com as "ações destrutivas dos Estados Unidos", que acusou de múltiplas violações do texto assinado em 2010, que "põem em risco o seu funcionamento".
Por um lado, disse Moscovo, a "extrema hostilidade" de Washington e o seu "compromisso aberto a uma escalada maliciosa do conflito na Ucrânia" criaram um "ambiente de segurança fundamentalmente diferente" para a Rússia.
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"Os Estados Unidos e o ocidente que lidera estão a tentar prejudicar o nosso país a todos os níveis, em todas as áreas e em todas as regiões do mundo", disse a diplomacia russa, argumentando que o "status quo já não é possível".
Por outro lado, a Rússia acredita que os arsenais das três potências nucleares da NATO - Estados Unidos, França e Reino Unido - "devem ser combinados e tidos em conta em conjunto no processo de limitação e redução", enquanto o New START diz apenas respeito a Moscovo e Washington.
Finalmente, a Rússia afirma que o facto de os Estados Unidos estarem a desenvolver sistemas de escudo antimísseis capazes de intercetar ogivas russas torna o New START ineficaz.
Também acusa Washington de ter "violado" o texto ao "renomear mais de 100 armas ofensivas estratégicas dos Estados Unidos para que deixem de estar abrangidas pelas disposições do tratado, ou ao declará-las convertidas sem dar à Rússia a oportunidade de as verificar".
De acordo com a diplomacia russa, Moscovo pode cancelar a suspensão do New START se Washington mostrar "boa-fé" no sentido de uma "desescalada abrangente".
A Rússia já tinha anunciado, no início de agosto, que estava a suspender as inspeções planeadas aos seus locais militares.
O tratado New START, assinado em 2010 pelo Presidente Barack Obama e o Presidente russo Dmitri Medvedev, impõe a cada país um limite de arsenal de 1.550 ogivas nucleares e de 700 mísseis e bombardeiros. O acordo prevê inspeções em locais definidos para comprovar o seu cumprimento.
Poucos dias antes de o tratado expirar, em fevereiro de 2021, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em prorrogá-lo por mais cinco anos.