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Duas semanas depois do início da guerra, a Cruz Vermelha da Ucrânia denuncia que a ajuda humanitária não está a chegar a quem mais precisa. Olena Stockoz, a número dois da organização no país, conta, em declarações à TSF, que há casos, como em Mariupol, onde ainda não foi possível entregar qualquer auxílio.
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Com a guerra a entrar na terceira semana, a dirigente da Cruz Vermelha na Ucrânia não arrisca qualquer cenário para os próximos tempos. "Não podemos prever nada. Neste conflito, em particular, é impossível prever o que quer que seja porque o agressor viola as leis humanitárias a todas as horas, a todos os minutos", afirma.
"Esta violação é a regra, não a exceção. Por exemplo, Mariupol: a cidade tem uma população de meio milhão de pessoas, está neste momento sem comida, água eletricidade, gás,... Não têm nada. Não há acesso à cidade, as pessoas começam a morrer desidratadas e nós não conseguimos chegar lá", conta.
Cruz Vermelha da Ucrânia revela a situação em que está a população de Mariupol
Olena Stockoz garante que não faltam medicamentos nem o equipamento necessário para dar assistência médica. O difícil é fazer essa ajuda chegar aos mais necessitados.
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"Nós tentamos armazenar tanto quanto possível, temos um grande apoio da comunidade internacional, mas também de muitas empresas e da comunidade local. Temos bens suficientes. O nosso problema é logístico. Não conseguimos fazer chegar a ajuda às zonas mais quentes, não temos acesso às zonas que estão a ser bombardeadas. Temos grandes quantidades de ajuda humanitária que não está a chegar a estes sítios", aponta.
Não há falta de medicamentos, mas é difícil fazê-los chegar às pessoas
Em relação os corredores humanitários abertos nos últimos dias, esta representante da Cruz Vermelha na Ucrânia admite que podem não ser suficientes, até tendo em conta os combates que se têm mantido, apesar das tentativas para retirar os civis.
"Por exemplo, para Mariupol, precisamos de, pelo menos, dois corredores, porque a cidade é enorme. Mas vamos fazer figas. Esperamos que pelo menos parte das pessoas possam ser retiradas da cidade", conclui Olena.
É preciso criar mais e eficazes corredores humanitários
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro, provocando um número ainda por determinar de mortos e feridos, tanto militares como civis, e mais de 2,1 milhões de refugiados.
A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.