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A SOS Méditerranée defende que a política não pode bloquear o salvamento de vidas no mediterrâneo e acusa o governo italiano de dificultar o trabalho de resgate dos migrantes. Três dias depois do naufrágio de uma embarcação sobrelotada, ao largo da costa de Itália, a contagem do número de mortos ainda não terminou. No entanto, este caso já é encarado como uma "tragédia absoluta".
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Para Laurence Bondard, da SOS Méditerranée, a ajuda humanitária "não pode ser uma questão política". Não é apenas um "dever moral" resgatar os migrantes, "é também um dever legal" fazê-lo.
Na avaliação de Bondard, a capacidade das organizações não-governamentais (ONG) "é, sem dúvida, insuficiente", e por isso defende a criação de "um serviço europeu de salvamento em todo o mar mediterrâneo, capaz de salvar todas as vidas que estão em sofrimento".
Ouça a reportagem.
A membro da SOS Méditerranée não tem medo de escolher as palavras para caracterizar o mais recente naufrágio no mar mediterrâneo.
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À TSF, confessa que estão "extremamente tocados por todas as vidas que foram perdidas, por todas estas mulheres, crianças e homens que navegaram quatro dias num barco completamente sobrelotado".
A embarcação que levava cerca de 170 pessoas a bordo naufragou na madrugada de domingo. A Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) diz ter alertado, no sábado, o governo italiano para a existência de um barco com migrantes. A alegada omissão de auxílio não surpreende Laurence Bondard.
"No início do ano, o executivo italiano assinou um decreto que limita ainda mais a capacidade de resgate" das ONG, obrigando-as, por exemplo, a desembarcar em portos "a quatro dias de distância", uma imposição que "adiciona sofrimento" às pessoas resgatados.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, mais de 280 migrantes morreram no mar mediterrâneo desde janeiro.