UE pede aos EUA que controlem aeroporto de Cabul o tempo que for necessário. Biden recusa

Charles Michel reiterou que a grande prioridade neste momento é garantir "a evacuação segura dos cidadãos da coligação, pessoal e famílias". Após consultar a sua equipa de segurança nacional, Biden optou por concluir a missão na próxima terça-feira, tal como estava planeado.

A União Europeia solicitou esta terça-feira aos Estados Unidos que garantam a segurança do aeroporto internacional de Cabul "tanto tempo quanto for necessário" para completar a complexa operação de evacuação de cidadãos estrangeiros e afegãos que desejam sair do Afeganistão.

O apelo da UE foi feito durante a videoconferência de líderes do G7 e revelado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, numa conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia, em Bruxelas, depois de ambos terem participado na reunião virtual organizada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e que contou com a participação do Presidente norte-americano, Joe Biden.

Reiterando que a grande prioridade neste momento é garantir "a evacuação segura dos cidadãos da coligação, pessoal e famílias" e garantindo que "a UE e os seus Estados-membros não estão a poupar esforços" para evacuar os cidadãos comunitários e os afegãos que trabalharam com as delegações ocidentais, Charles Michel apontou que os líderes europeus abordaram esta questão com os seus "amigos norte-americanos", começando por sublinhar a importância de "garantir a segurança do aeroporto por tanto tempo quanto for necessário".

Segundo Charles Michel, a UE apontou também a importância de assegurar "um acesso justo e equitativo ao aeroporto a todos os cidadãos que têm direito a ser evacuados".

Biden recusa prolongar o prazo

Apesar do apelo da União Europeia, o Presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu não prolongar o prazo de 31 de agosto para a retirada final dos soldados norte-americanos do Afeganistão.

Biden tomou a decisão após consultar a sua equipa de segurança nacional, ponderando os riscos de manter as forças no terreno para além do prazo e optando por concluir a missão na próxima terça-feira, prazo que tinha sido por si definido, ainda antes de os talibãs terem tomado conta de Cabul, em 15 de agosto.

Biden pediu à sua equipa de segurança nacional para criar planos de contingência, caso surja uma situação cujo prazo precise de ser ligeiramente prorrogado, disse a mesma fonte governamental.

Os EUA intensificaram o transporte aéreo para retirada desde Cabul, nas últimas 24 horas, mas Biden tinha admitido estender o prazo de saída, levando em conta as contínuas ameaças à segurança por parte de grupos extremistas na capital afegã.

Questionado sobre a reação de Biden, o dirigente belga disse não querer responder em nome do Presidente norte-americano, apontando apenas que "vários líderes europeus" do G7 expressaram inquietação com a data-limite de 31 de agosto para o fim da operação militar da coligação liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão, e que atualmente já só se resume ao aeroporto de Cabul, cidade ocupada pelos taliban há duas semanas.

Segundo Charles Michel, os chefes de Estado e de Governo da UE com quem tem estado em "contacto próximo" disseram-lhe que consideram importante prolongar esta data para a saída das forças da coligação de Cabul, mas, "em qualquer caso, o fundamental é garantir a livre passagem" até ao aeroporto de todos aqueles que desejem deixar o Afeganistão.

"Exortamos as novas autoridades afegãs a autorizar a livre passagem a todos os cidadãos estrangeiros e afegãos que desejem chegar ao aeroporto", disse, reiterando um apelo já deixado pelos chefes de diplomacia dos 27.

Contudo, numa conferência de imprensa em Cabul, esta terça-feira, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que o seu movimento não aceitará prorrogações do prazo, prometendo retaliações.

Mais tarde, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que os militares precisarão de "pelo menos vários dias" para retirar totalmente os vários milhares de soldados e o seu equipamento de Cabul.

Kirby disse ainda que os comandantes das forças militares no Afeganistão pretendem partir até 31 de agosto, considerando que há tempo suficiente para retirar todos os norte-americanos, mas foi menos específico sobre a conclusão da evacuação de todos os afegãos em risco.

"Acreditamos ter a capacidade de fazer isso até ao final do mês", disse o porta-voz do Pentágono, referindo-se ao número não especificado de cidadãos norte-americanos que estão a tentar sair.

Aliados dos EUA e outros países também estão a realizar evacuações e terão de encerrar as suas operações e partir antes de as tropas dos EUA concluírem a sua saída.

Os líderes do G7 reuniram-se esta terça-feira, por videoconferência, para "discussões urgentes" sobre o Afeganistão, onde os taliban recusaram que a operação internacional para retirar milhares de estrangeiros e colaboradores afegãos ultrapasse a "linha vermelha" de 31 de agosto.

A reunião, em formato virtual, foi convocada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cujo país preside atualmente ao grupo das economias mais desenvolvidas, o denominado G7.

Além do Reino Unido, integram o G7 Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália e Japão. A União Europeia, que tem o estatuto de 'oitavo membro' do fórum -- sem direito a ser anfitrião ou organizador de reuniões -, esteve representada na reunião virtual de hoje pelos presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia.

A reunião teve lugar numa altura de maior tensão entre os taliban e as forças internacionais sobre o prazo para terminar a retirada de milhares de pessoas que se têm concentrado no aeroporto de Cabul desde a tomada de poder pelos rebeldes, em 15 de agosto.

Os EUA retiraram 37.000 pessoas do Afeganistão desde 14 de agosto, número que ascende a 42.000 desde o final de julho, enquanto o Reino Unido transportou 6.600 desde a véspera da tomada de Cabul.

A braços com críticas à forma como conduziu o processo, o Presidente Joe Biden admitiu prolongar a operação para lá de 31 de agosto, a data que tinha fixado para terminar a retirada das tropas dos EUA, após uma guerra de 20 anos no Afeganistão.

No terreno, milhares de afegãos mantêm a esperança de poderem fugir ao extremismo dos taliban, que se têm esforçado por dar uma imagem mais suave de si próprios, face às recordações da violência que caracterizou o seu primeiro governo (1996-2001).

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