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A União Europeia pode, e deve, tentar exercer o papel de mediador no conflito entre Israel e o Hamas. Pelo menos é o que defendem os eurodeputados Paulo Rangel, Isabel dos Santos, João Ferreira e Marisa Matias.
No Fórum TSF, Paulo Rangel, eurodeputado eleito pelo PSD, analisa que Bruxelas pode encetar um movimento para que seja alcançado pelo menos um cessar-fogo, sendo que, para tal, tem de sensibilizar Washington e Moscovo. "O potencial diplomático da União Europeia é diminuto e tem muitas vezes falhado", começa por justificar.
Ouça as declarações de Paulo Rangel.
"A União Europeia devia, pelo menos, mesmo que não consiga ser ela a mediar este conflito - e não conseguirá nunca, sozinha -, junto de Washigton e eventualmente junto de Moscovo e até de Pequim", considera Paulo Rangel, que acredita sobretudo na "capacidade de pôr esses dois polos a exercer a sua pressão, quer junto do Governo israelita, quer da fação do Hamas".
Estes esforços poderiam ser empreendidos no sentido de "ajudar a, num curto prazo, conseguir um cessar-fogo". Já mediar para o diálogo é um "patamar superior" e "muito difícil", admite o social-democrata.
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UE teve posição "bastante infeliz"
A eurodeputada Isabel dos Santos concorda com este ponto de vista. A eleita pelo PS considera que a UE, apesar de não ter um historial enquanto mediador de peso, tem de se assumir como uma voz ativa na tentativa de resolução do conflito, até para repor a conduta errática que teve logo ao início. "A União Europeia teve, nos primeiros momentos, uma reação que não acho que tenha sido nada feliz. Acho até que foi bastante infeliz."
Na perspetiva de Isabel dos Santos, os líderes europeus tomaram uma posição inicial "muito virada para aquele que não estava a ter a pior ação", mas há que corrigir essa atitude. "Ultrapassado esse primeiro momento, é bom que a União Europeia tenha uma posição clara de apelo ao diálogo e de abertura ao seu envolvimento também, na promoção desse diálogo, para que se possa chegar a conclusões e para que se possa promover o cessar-fogo e uma solução negociada", fundamenta.
Isabel dos Santos ajuíza que a União Europeia deve reavaliar o seu posicionamento.
"Continuamos a ter uma posição muitas vezes complacente"
João Ferreira, eurodeputado do PCP, é mais contundente e diz ser inaceitável a passividade da comunidade internacional perante os ataques de Israel. O eurodeputado não tem dúvidas de que a União Europeia tem de garantir a segurança do povo palestiniano, que está a ser alvo de ataques constantes.
"Aquilo que é preciso dizer-se, e é a posição que a União Europeia deveria tomar, de resto, a posição que Portugal deveria tomar, ainda mais exercendo neste momento a presidência do Conselho da União Europeia, era uma posição clara de defesa dos direitos nacionais do povo palestiniano", avalia.
João Ferreira está descontente com a posição tomada pela UE.
João Ferreira acredita que esta é uma questão em que está em causa a "defesa do cumprimento das Nações Unidas, que consagram esses direitos de defesa do direito internacional".
"Continuamos a ter uma posição muitas vezes complacente, outras vezes conivente, que acaba por dar campo a Israel para fazer aquilo que está a fazer", critica também.
Posição da UE "tem sido sempre equívoca"
Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, não reserva grandes expectativas para a reunião de terça-feira. A eurodeputada lamenta que Bruxelas mantenha uma posição dúbia.
"A posição da União Europeia, a posição dos Estados-membros, tem sido sempre uma posição equívoca e não uma posição que deveria estar, no meu ponto de vista, ao lado da defesa das Nações Unidas, dos direitos humanos, e, portanto, com uma condenação direta e sem hesitação daquela que tem sido a intervenção militar do Governo israelita na Palestina."
Ouça as declarações de Marisa Matias.
Os ataques de Israel na Faixa de Gaza prosseguiram na última madrugada. No domingo, foi registado o dia mais violento desta nova vaga de confrontos: 42 palestinianos morreram.