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O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, anunciou o encerramento de uma mesquita em Pantin, nos subúrbios de Paris, a partir desta quarta-feira e para um período de seis meses, no seguimento da investigação policial que procura redes suspeitas de promover o ódio.
Samuel Paty, o professor assassinado em França por ter mostrado caricaturas de Maomé, vai ser condecorado postumamente com Legião de Honra, anunciou esta terça-feira Jean-Michel Blanquer, acrescentando que um minuto de silêncio se vai fazer ouvir no dia 2 de novembro, em todos os estabelecimentos de ensino "sem exceção".
O Ministro da Educação anunciou desta feita que "a Legião de Honra ser-lhe-á atribuída postumamente, ao mesmo tempo que será nomeado membro da Ordem das Palmas Académicas", porque "o mártir Samuel Paty merece o reconhecimento da sua instituição".
Ouça aqui o trabalho de Lígia Anjos, correspondente da TSF em França
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Miguel Guerra, docente de história na Secção internacional de Português no Lycée de St. Germain en Laye, considera que o ocorrido "não tem qualquer justificação, é um assassínio bárbaro", tomando em vista que "o que o colega Samuel Paty estava a lecionar é aquilo que consta dos programas da disciplina".
O docente português considera necessário "um minuto de silêncio, uma homenagem nacional, tendo a perceção do tamanho do drama e do que ele significa: para além de um professor que foi assassinado de forma bárbara, é, obviamente, uma instituição e são os valores republicanos que estão a ser atacados e que já têm sido atacados há algum tempo".
O presidente Emmanuel Macron escolheu a Sorbonne, espaço simbólico do Iluminismo e do ensino, como local para a homenagem nacional que vai ser feita a Samuel Paty esta quarta-feira à tarde.
Blanquer acrescentou a esta demanda que "a Sorbonne é a incarnação da importância de tudo o que está em cima da mesa neste momento: a transmissão de sabedoria e valores".
Uma vez a questão da laicidade colocada, Miguel Guerra questiona "o que é realmente a laicidade?". "Eu vejo a laicidade como a não-interferência da questão religiosa com a questão pública, o que não quer dizer que a questão religiosa não exista. A ideia que eu tenho é que em França, muitas vezes, se pensa que laicidade significa que a questão religiosa não existe".
O Ministro da Educação acrescentou que "a partir do regresso às aulas, temos de provar que a força está do lado da República e que uma força serena vai contra os assassinos". "Estamos a trabalhar no regresso às aulas, dia 2 de novembro: queremos marcar a ocasião, com o minuto de silêncio mas também com um trabalho educativo, sem nenhum ângulo morto, em todas as escolas, faculdades e colégios de França."

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