"Um ato de terrorismo internacional de um ditador sem vergonha"

O ditador Lukashenko mandou desviar um avião para deter um jornalista: "é uma pessoa doente", diz a representante da oposição em Portugal. Solidários, os opositores bielorrussos manifestam-se no próximo domingo, também em Lisboa.

Katsiarina Drozhzha está indignada. Num português perfeito, ao telefone com a TSF esta manhã, não tem dúvidas em considerar de extrema gravidade o ato praticado pelas autoridades do seu país, ao intercetar um avião de passageiros, com 170 pessoas a bordo (voo Ryanair que fazia ligação entre Atenas e Vilnius, na Lituãnia), alegando uma ameaça de bomba e forçando-o a aterrar em Minsk. Para a presidente da Associação Pradmova, que representa a oposição bielorrussa em Portugal., tratou-se de "um ato de terrorismo internacional porque o ditador Lukashenko literalmente capturou, digamos assim, mais do que 100 pessoas de vários países., por causa de vingança. Ele queria prender uma pessoa que é opositora à opinião dele". Isto mostra, segundo a jovem opositora bielorrussa, "a gravidade da situação e, mais uma vez, é uma prova de que Lukashenko não é uma ameaça apenas para a comunidade bielorrussa, mas também para a comunidade internacional. Se uma pessoa consegue fazer isto sem ter nenhuma vergonha, penso que é muito grave e a comunidade internacional deve tomar decisões fortes. Agora.".

Mas quem é Roman Pratevich, o jornalista que motivou o regime de Lukashenko a desviar um avião e retirando-o à força? "O Roman é mais um jornalista, mais um blogue, que se manifesta contra o regime e decidiu, desde as eleições do ano passado, dizer a verdade. Ele era administrador do grupo NEXTA o canal Telegram. Depois, saiu desse canal e foi trabalhar noutros projetos, mas sempre o objetivo dele era levar a verdade para o exterior, a informação verdadeira, porque na Bielorrússia, infelizmente neste momento a propaganda estatal do regime está presente em todo o lado. Então, as pessoas têm dificuldades em perceber e em manter-se atualizadas sobre a situação". Para a ativista bielorrussa em Portugal, Roman Protasevich "é só mais um. Há muito mais jornalistas que estão lá nessa luta muitos jornalistas estão ser. Lukashenko fez isso só porque é uma pessoa doente. Não podemos olhar para esta ditador como uma pessoa normal; ele por vingança pode fazer tudo".

Roman Protasevich, conta Katsiarina, "apesar de ter recebido várias ameaças, apesar de ter que fugir para a Polónia com a família, continuou com o seu trabalho de jornalista". Solidária com o jornalista e persistente na luta contra o regime de Lukashenko, a diáspora bielorrussa vai manifestar-se em várias capitais mundiais, estando a ação de protesto em Lisboa prevista para o próximo domingo à tarde.

Sobre os últimos desenvolvimentos da luta da oposição contra o governo no interior do país, reconhece que "infelizmente as manifestações em massa reduziram-se mas têm razão para isso". Sob um manto de "terror que há, presente em todo o lado, sob tortura e sob ameaças de armas, as pessoas claramente não têm essa coragem de sair para a rua porque têm medo de perder a sua vida, basicamente". Mas o movimento da resistência continua, garante: "todos os dias as pessoas estão a exprimir a sua voz, passam a exprimir a sua oposição a Lukashenko de outras formas". A resistência pacífica é a marca mais dominante: "não ir para o trabalho, não pagar os impostos ou vestir a roupa com as cores de bandeira nacional da Bielorrússia. Então, o protesto ainda continua só que tem outra forma".

Mas, por outro lado, a repressão não esmoreceu e as práticas que atentam contra os direitos humanos também não: "nas prisões acontecem todos os dias", os encarceramentos de opositores em massa continuam, "há testemunhos de pessoas que saíram nos últimos dias que dizem que as torturas continuam com a mesma força. As pessoas são torturadas nas prisões, não têm comida, não têm cobertores, são espancadas e há coisas muitos piores; a situação está igual à que era há meses atrás".

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