"Ver a ansiedade das pessoas quando chegam aqui, toca." Atendimento no SEF "tem sido muito duro"

Vários funcionários do SEF voluntariaram-se para fazer horas extraordinárias nos balcões de atendimento dedicados aos cidadãos ucranianos. Perante o crescimento das chegadas, o serviço vai funcionar para estes cidadãos todos os dias até às 20h00, mais mais três horas do que o horário normal e aos sábados também. A TSF esteve no balcão de Lisboa.

No primeiro dia dos balcões exclusivamente dedicados a cidadãos ucranianos no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), chegou mais gente do que o esperado. Até às 16h00 já tinham sido registados perto de 700 ucranianos, uns já estavam em Portugal, outros chegaram recentemente, mas quase todas as histórias emocionam quem os recebe. "As pessoas vêm muito sensibilizadas e emocionam-nos também", confessa Isabel Sousa Lopes, chefe do núcleo regional de atendimento e instrução processual.

No balcão da Avenida António Augusto Aguiar, em Lisboa, é Larissa quem está a atender os cidadãos ucranianos. Também ela é ucraniana e também ela tem família na Ucrânia. Falar da mãe que não pode vir para Portugal traz-lhe as lágrimas aos olhos, mas depressa procura um sorriso para acolher quem chega. Perante ela, está agora Gergory. Tem 18 anos e chegou esta quarta-feira de Budapeste onde estava de férias quando a Rússia atacou o seu país. Conta-nos que na Hungria não se sentiu seguro devido à proximidade entre Viktor Órban e Vladimir Putin e que Lisboa foi o destino escolhido por aqui ter amigos e família. Os familiares mais próximos vivem perto da fronteira com a Polónia, tem falado com eles todos os dias, estão bem e "os amigos de Kiev também", assegura.

Isabel Sousa Lopes tem estado a acompanhar as chegadas e revela que há várias situações. "Se alguns já cá estavam, outros não. Vieram agora. Uns conseguiram antecipar um pouco a sua vinda em relação à data em que arrancou a guerra, uma semana, dez dias antes. Pessoas possivelmente mais informadas, com mais capacidades. De qualquer forma, a maioria são tudo mulheres, mães, avós e crianças." Isabel confessa que o dia tem sido duro.

"Ver a ansiedade das pessoas quando chegam aqui, toca", confessa Manuel Teixeira que lidera o departamento regional de emissão de documentos. "Quando alguns de nós temos ligação a estes países, a estas comunidades. É o caso da Larissa diretamente e o meu caso. A minha esposa tem sobrinhos que neste momento estão na linha da frente na Ucrânia. Nós vemos na comunicação social e depois vemos no olhar das pessoas aqui a miséria, o desespero e a dor", afirma.

Para Manuel Teixeira, aqui o que se pode fazer é ajudar. " Vamos com certeza tentar ajudar o máximo de pessoas. Para além de cumprirmos a nossa missão que é de regularizar a permanência, é mesmo uma questão de ajudar quem mais necessita numa altura destas."

Depois da resolução do Conselho de Ministros, houve um grupo de inspetores que se disponibilizou para atender os cidadãos ucranianos fora do horário de expediente, mas para dar resposta ao aumento esperado da procura, conta o diretor regional do Serviço de Estrangeiros de Lisboa foi decidido ter o balcão em funcionamento também no horário normal. Neste primeiro dia, José Caçador confessa que ficou surpreendido com a quantidade de ucranianos que procurou o serviço. "Quase 700 registos a nível nacional é significativo", afirma adiantando que há muitos ucranianos que estavam com visto de trabalho temporário que também vão começar a procurar os serviços.

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