Visita de Guterres a Moscovo pode ter "papel crucial e fazer a diferença"

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse, em declarações ao Diário de Notícias, que o Governo português tem de apoiar "sem restrições e sem quaisquer reservas, ao processo de adesão da Ucrânia à UE".

Dmytro Kuleba espera que, após a visita de António Guterres à Rússia, o secretário-geral da ONU "se mantenha um homem com integridade durante a sua visita a Moscovo e que fique claramente do lado da Ucrânia". Em entrevista ao Diário de Notícias (DN), o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano também espera que a Organização das Nações Unidas "seja capaz de salvar civis e também os defensores de Mariupol, do derramamento de sangue que a Rússia tem preparado para eles."

Para Kuleba, a Ucrânia está a ser "vítima de um crime de agressão cometido por um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas" e, por isso, pede ajuda para que a organização "seja capaz de salvar civis e também os defensores de Mariupol, do derramamento de sangue que a Rússia tem preparado para eles".

Questionado sobre o que Portugal pode fazer pelo seu país, o ministro enumerou o "fornecimento à Ucrânia de armas e de todo o equipamento militar necessário, sem restrições e sem quaisquer reservas de qualquer natureza; em segundo lugar, apoio, sem restrições e sem quaisquer reservas a todas as sanções impostas à Rússia pela União Europeia, assim como a implementação correta dessas sanções; e terceiro, apoio total, sem restrições e sem quaisquer reservas, ao processo de adesão da Ucrânia à UE num futuro previsível, não deve tornar-se numa história interminável."

Sobre a situação em Mariupol, o ministro ucraniano descreveu-a como "devastadora" e revelou a dificuldade em pensar nos últimos acontecimentos: "o que mais parte o coração é ver a esperança a desaparecer" na cidade e que "não há nada que me magoe mais, depois de Bucha".

Para evitar novos massacres, Dmytro Kuleba acredita na força de António Guterres, mas, apesar de não ser a "última esperança", pode ser "uma das últimas autoridades internacionais que pode ter um papel crucial e fazer a diferença."

Ao DN, o ministro ucraniano também revelou que "nenhum outro país no mundo ajudou militarmente mais a Ucrânia do que os Estados Unidos" e elogiou a "forma sem precedentes" de apoio da União Europeia. "Tudo o que é fornecido por cada país ajuda-nos a defendermos a nossa terra e a evitar que mais crimes de guerra sejam cometidos pelos russos, porque quanto mais tempo o Exército russo estiver na Ucrânia, mais crimes de guerra serão cometidos, mais eles matarão, torturarão e violarão", explica.

Na sequência da recusa do PCP em assistir ao discurso de Volodymyr Zelensky na Assembleia da República portuguesa, Dmytro Kuleba diz que "isso é exatamente o que a propaganda russa tem espalhado pela Europa nestes últimos anos, dizendo que os ucranianos são extremistas, nazis, de extrema-direita".

"Penso que é altura de todos esses políticos que, por conta da Rússia, espalham a informação sobre a Ucrânia radical e extremista, aceitarem simplesmente que estão na folha de pagamento de violadores, assassinos e torturadores", conclui o ministro, rejeitando o apoio do governo a forças extremistas.

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