Vive-se uma "paz podre". Angolanos "estão todos à espera" da decisão do Tribunal Constitucional

Em declarações à TSF, Carlos Rosado de Carvalho explica que, devido ao estado de prontidão elevada das Forças Armadas, os angolanos não estão proibidos de sair de casa. Já sobre a providência cautelar da UNITA, que foi aceite pelo Tribunal Constitucional, o jornalista e professor universitário considera que "isso não quer dizer nada".

As Forças Armadas Angolanas estão desde domingo e até às 08h00 de 20 de setembro em "estado de prontidão combativa elevada" para evitar incidentes e "proporcionar a manutenção da defesa e segurança" após as eleições, sobretudo na província de Luanda. Em declarações à TSF, o jornalista e professor universitário Carlos Rosado de Carvalho explica o que significa este estado de prontidão máxima dos militares angolanos.

"Este estado de prontidão é dirigido, sobretudo, à Forças Armadas. As restrições são de natureza militar, não pode haver colunas militares. As pessoas circulam normalmente na cidade, não há operações stop", esclarece, sublinhando que "as pessoas evitam, naturalmente, sair de casa, mas isso é uma questão de bom senso face à situação de tensão que se vive e ao receio da declaração dos resultados eleitorais".

"Infelizmente, não é propriamente uma novidade, é assim em todas as eleições. Há aqui uma espécie de paz podre, as pessoas estão todas à espera do que o Tribunal Constitucional vai decidir e depois qual vai ser a reação da UNITA", sustenta.

É uma decisão que o Tribunal Constitucional vai revelar nas próximas semanas. O facto de o Tribunal Constitucional ter aceitado a providência cautelar da UNITA não significa nada mais do que isso. É preciso esperar, mas Carlos Rosado de Carvalho acredita que a vitória do MPLA e de João Lourenço é um "facto consumado".

"É a partir de agora que o tribunal vai avaliar o mérito e os argumentos da UNITA, portanto, isto não quer dizer nada. Como em Angola há uma enorme suspeita sobre as instituições, porque são controladas pelo MPLA, a simples admissão de um requerimento, por vezes, é entendida como uma vitória, mas isto é uma coisa absolutamente normal", explica Carlos Rosado de Carvalho.

As dúvidas residem em "qual vai ser a posição do Tribunal Constitucional relativamente ao mérito do requerimento da UNITA".

"Acho que é um facto consumado, ficaria muito surpreendido se o Tribunal Constitucional desse razão à UNITA e que obrigasse a CNE a comparar as atas-síntese que tem a UNITA e que tem a CNE", considera.

A UNITA não aceita os resultados eleitorais, dizendo que o MPLA, partido no poder há mais de 45 anos, não venceu as eleições com maioria absoluta.

O partido de Adalberto Costa Júnior teve um resultado histórico, por exemplo, em Luanda, e são várias as vozes internas e externas que apelam a uma mudança em Angola.

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