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A presidente da Comissão Europeia apelou este domingo aos Estados-membros para que "redobrem os esforços" para alcançar um acordo sobre a política migratória após o naufrágio na costa sul de Itália em que mais de 40 migrantes morreram.
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"Estou profundamente triste com o terrível naufrágio na costa da Calábria. A perda de vidas de migrantes inocentes é uma tragédia", afirmou Ursula von der Leyen, na rede social Twitter.
I am deeply saddened by the terrible shipwreck off the coast of Calabria.
The resulting loss of life of innocent migrants is a tragedy.
All together, we must redouble our efforts on the Pact on Migration & Asylum and on the Action Plan on the Central Mediterranean.
"Devemos todos redobrar esforços conjuntos no Pacto sobre Migração e Asilo e no Plano de Ação para o Mediterrâneo Central", acrescentou.
Os vinte e sete têm em cima da mesa a reforma da política comunitária de migração e asilo há mais de dois anos, mas desde então não conseguiram progressos substantivos numa questão que divide as capitais europeias.
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Os Chefes de Estado e de Governo abordaram o debate sobre a migração na cimeira de 10 de fevereiro e concordaram em tomar medidas para acelerar o regresso dos migrantes irregulares e aumentar os fundos para a proteção das fronteiras externas, depois de a Áustria e outros sete países apelarem abertamente ao financiamento da construção de muros.
As equipas de socorro italianas encontraram 43 corpos de migrantes e 80 sobreviventes do naufrágio ocorrido este domingo de madrugada ao sul de Itália, mas receiam que possa haver mais vítimas mortais.
"Atualmente, 80 pessoas foram recuperadas vivas, algumas das quais conseguiram chegar à costa após o naufrágio, e foram encontrados 43 corpos ao longo da costa", disse a guarda costeira num comunicado divulgado ao final da manhã, citado pela agência francesa AFP.
Entre as vítimas encontram-se muitas crianças, incluindo um recém-nascido, e mulheres, segundo relatos dos socorristas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou, num comunicado, o seu "profundo pesar" pela tragédia e disse que era "criminoso colocar um barco de 20 metros com 200 pessoas a bordo e uma previsão de mau tempo" no mar.
A incerteza quanto ao número de vítimas deve-se a diferentes relatos dos sobreviventes quanto às pessoas que viajavam no barco que naufragou ao amanhecer perto da cidade italiana de Crotone, na Calábria (sul).
O número de passageiros adiantado por sobrevivente varia entre 150 e 250, disseram elementos das equipas de socorro, admitindo haver dificuldades de comunicação com os migrantes por causa da língua.
A imprensa italiana noticiou que os migrantes são do Iraque, Irão, Síria e Afeganistão, depois de inicialmente também ter sido referida a presença de paquistaneses.
Segundo a guarda costeira, o barco partiu-se nas rochas a poucos metros da costa, numa altura em que o mar estava muito agitado.
As imagens da polícia italiana mostravam destroços de madeira espalhados ao longo de uma centena de metros da praia, onde muitos socorristas e sobreviventes estavam à espera de serem transferidos para um centro de receção.
Meloni disse que o Governo está empenhado em evitar a partida de barcos em condições que resultem em tragédias como a deste domingo, e prometeu continuar a fazê-lo, "exigindo sobretudo a maior colaboração dos Estados de partida e de origem".
Este naufrágio ocorreu poucos dias depois de o parlamento ter aprovado novas regras controversas sobre o resgate de migrantes, formuladas pelo executivo dominado pela extrema-direita.
Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d'Italia (FDI), assumiu a chefia de um governo de coligação em outubro de 2022, após prometer reduzir o número de migrantes que chegavam a Itália.
A nova lei obriga os navios humanitários a efetuar apenas um salvamento de cada vez, o que, segundo os críticos, aumenta o risco de morte no Mediterrâneo central, que é considerado a travessia mais perigosa do mundo para os migrantes.
A localização geográfica da Itália torna-a um destino privilegiado para os requerentes de asilo que se deslocam do Norte de África para a Europa e Roma há muito que se queixa do número de chegadas no seu território.
Segundo o Ministério do Interior, quase 14 mil migrantes desembarcaram em Itália desde o início do ano, contra cerca de 5200 durante o mesmo período do ano passado e 4200 em 2021.