Destaques

Os professores de Portugal são dos melhores do mundo, porque têm esperança, porque transmitem essa esperança, porque olham para o futuro e porque estão disponíveis
As últimas semanas revelaram-se tumultuosas nas escolas públicas, cenário que, previsivelmente, não abrandará nos próximos dias, apesar do Colégio Arbitral ter fixado serviços mínimos, uma decisão relativamente invulgar no sistema educativo nacional, tal como não é normal a atipicidade das greves (mais do que uma o mesmo tempo...), a sua imprevisibilidade e a indeterminabilidade no que respeita à sua duração e ocorrência.
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Nasser Zefzazi e o vendedor de peixe
Nasser Zefzafi nasceu em 1979, perto já do fim do ano. Tem diferença para mim de dias, mas o país onde nasceu fê-lo estar preso por ter falado, por ter reclamado um país melhor, por ter pedido obras de reconstrução, por se ter mostrado indignado com o choque da morte de um vendedor de peixe. Eu vou fazendo trabalho de semelhante natureza no meu país. Ele está preso. Eu não.

Os trabalhadores não são máquinas e os millennials não são talento
Sempre achei muita piada à ideia de que só trabalha quem não sabe fazer mais nada, porque toda a vida pensei que há sempre qualquer coisa melhor para fazer do que trabalhar, mas sempre gostei da minha profissão e na maior parte dos dias trabalhei com gozo, já lá vão bem mais de 30 anos. Vi, no entanto, que chegue para saber que aquilo que o Relatório do Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no diz é que há um problema para resolver, mas nós fazemos de conta que não vemos o que temos à frente do nariz.

A entrevista da instabilidade
Os primeiros-ministros não dão entrevistas com frequência. Quando o fazem é, quase sempre, para anunciar uma novidade importante e marcar a agenda em redor desse anúncio. Não foi o caso da entrevista do primeiro-ministro à RTP esta semana. Não houve qualquer novidade. O mais próximo disso foi o anúncio de um anúncio ao dizer que o governo irá em breve apresentar um plano para a habitação.

Um país com falta de ânimo
O FMI reviu em alta as previsões para a Zona Euro, a inflação abrandou pelo terceiro mês consecutivo e, vistas com a secura dos números, as notícias poderiam permitir injetar algum otimismo no arranque de um ano do qual coletivamente esperamos pouco de positivo. Nas suas contas, contudo, os portugueses continuam esmagados pela subida de preços e pela fatura cada vez mais pesada na habitação.

Um "cheirinho a Sahelistão" aqui mesmo à porta de casa!
Ouagadougou, muito provavelmente não lhe dirá nada, mas a distância entre Faro e a capital do Burkina Faso, a desconhecida e "distante" Ouagadougou, é praticamente a mesma entre Faro e Amsterdão. Dito desta forma, já não parece assim tão distante, não é?

Lagosta para um Papa humilde, carapau para um povo necessitado
Filipa Roseta, vereadora da Habitação, criticou no passado a "orgia de abusos na Parque Escolar" permitida pelas exceções permanentes às regras da contratação para obras públicas, mas hoje, como administradora da sociedade de requalificação urbana da Câmara, "aproveita exceção dada para a Jornada Mundial da Juventude para fazer ajustes diretos atrás de ajustes diretos", condena Daniel Oliveira.

Indo eu, indo eu a caminho de Belém
No dia em que deixou de ser ministro, Pedro Nuno Santos foi assistir, como é tradição, à posse do seu sucessor. O homem que durante cinco anos negociou orçamentos de Estado com BE e PCP, o secretário de estado triunfante que saiu do hemiciclo lado a lado com o primeiro-ministro e, ambos, num gesto combinado, levantaram os cinco dedos da mão para assinalar o quinto orçamento aprovado do PS em minoria, o ministro que decidiu onde iria ficar o novo aeroporto de Lisboa, 50 anos depois de a discussão ter começado, e que foi desautorizado no dia seguinte pelo seu primeiro-ministro, estava firme e hirto.

A nova política e a velha Filosofia
O País está crispado. Já aqui o disse na semana passada e dissertei sobre a forma como o termo crispação, quase morto e enterrado desde os tempos do PEC IV e da troika, regressou à narrativa atual. Do governo à oposição, dos professores aos polícias, do futebol à igreja - agora por causa do valor a investir altar que vai receber a Jornada Mundial da Juventude -, todos estão em alta crispação.

"Espelho meu, espelho meu, haverá alguém capaz de convocar mais greves do que eu?"
Na última ronda negocial, concluída no final da semana passada, não se vislumbrou o esperado fumo branco em sinal de harmonia, antes porém, foram lançadas mais achas para uma fogueira que consome esperança, direitos, tempo e energias. As ações multiplicam-se em reação e em oposição: o ministério da Educação (ME) requereu o decretamento de serviços mínimos, tendo o Tribunal Arbitral fixado por unanimidade, algo que poderá interferir diretamente na estratégia sindical, e um sindicato convocou a 2.ª Marcha Nacional pela Escola Pública, estendendo convite a outros sindicatos de professores e de outras profissões. Uma federação de sindicatos anunciou a sua entrada na "luta", convocando greve nacional de professores, e o ME pediu um parecer em dose dupla: à Procuradoria-Geral da República e ao Centro de Competências Jurídicas do Estado. E o estado das coisas vai no sentido de se "um diz mata, o outro diz esfola".

Chow Hang-Tung, Joseph John e o Cardeal de 90 anos, presos em Hong Kong
Há alguns anos foi elaborada pela China uma Lei de Segurança Nacional estendida para o território de Hong Kong.

A secretaria de Estado que, afinal, não fazia falta nenhuma
Há uma velha e estúpida frase que se costuma dizer, normalmente como piada: «não faltes ao trabalho, porque se faltares talvez o chefe perceba que não fazes falta nenhuma». Uma outra máxima da (boa) gestão, explica que quando alguém sai, tem de ser imediatamente substituído. Se assim não for, a «organização» acaba por assumir que, afinal, aquela função é dispensável, pode ser atribuída a outrem ou, no limite, nunca deveria ter existido.

Receber o Papa com um pecado capital
27 de Janeiro de 2024. Sim, não me enganei. Daqui a um ano.

30 Anos de Conselho Económico e Social entre o Diálogo Social e a Democracia Participativa
Participei ontem num painel de apresentação do livro sobre os 30 anos do Conselho Económico e Social. É diga-se um livro em boa hora promovido pelo atual Presidente do CES (Francisco Assis) e exemplarmente escrito por Pedro Tadeu. O livro e o debate que se seguiu identificaram sucessos e insucessos do CES expondo a tensão permanente em que tem vivido desde a sua origem. Em primeiro lugar, uma tensão histórica, entre a influência do modelo europeu de diálogo social e o medo do corporativismo associado com o Estado Novo. E, em segundo lugar, a tensão decorrente das diferentes funções atribuídas ao CES, em particular, simultaneamente, órgão de concertação social e órgão participativo da sociedade civil. Há que dizer que o CES tem sido bastante mais eficaz como órgão de concertação social (com vários acordos ao longo da sua história) do que como instrumento de consulta e participação da sociedade civil no processo político.

Ideias liberais
Na sequência da saída de Cotrim Figueiredo da liderança, a Iniciativa Liberal tratou de organizar o seu processo eleitoral. A votação, a primeira da história da IL com alternativas, culminou com a eleição de Rui Rocha, empossado no congresso que se realizou no passado fim de semana.

Um investimento pouco católico
Falar de dinheiro dá pano para mangas quando se trata de uma instituição com a história e os pecados da Igreja Católica. O tema já voltou a suscitar acalorados debates à luz da Jornada Mundial da Juventude, que este ano irá juntar um milhão (ou mais) de jovens em Lisboa. Quando foram aprovadas as autorizações de despesa por parte do Governo, a que se juntam investimentos da Câmara Municipal de Lisboa, não faltaram críticas à aplicação de verbas públicas num evento confessional. Essa é, ainda assim, uma falsa questão. Basta olhar para anteriores jornadas e torna-se fácil perceber o efeito que uma iniciativa de tamanha dimensão tem na economia nacional e sobretudo local, ao mesmo tempo que projeta a imagem do país à escala global.

Jacinda e o suicídio da democracia
Daniel Oliveira dedica o seu habitual espaço de Opinião na TSF às terças-feiras a Jacinda Ardern, que tinha 37 anos quando chegou a primeira-ministra da Nova Zelândia e agora renunciou ao cargo.

Como é que isto aconteceu?
A última sondagem da TSF, DN e JN tem vários indicadores a que sobretudo PS e PSD deveriam estar atentos. Uma sondagem não é uma eleição. Nem substitui o voto em urna, decidido diante das circunstâncias e no momento exato em que se vota. Mas, há décadas que as sondagens regulares e fora dos períodos eleitorais revelam tendências, perscrutam a opinião e sensibilidade do eleitorado e deveriam ser tidas em conta como indicadores da forma como a sociedade olha para o estado da nação.

O "ambiente de negócios" entre Argélia e Marrocos
Começando pelo fim, não "direi", como se ouve amiúde o Presidente Marcelo dizer, antes digo que está tudo bem, no sentido em que os sinais e actos que "transpiram para o exterior" da picardia diplomática entre os dois países, significam que não se avançará para uma guerra directa entre os dois vizinhos rivais, como muitas vezes muitos pintam. Recordo um jantar, para o qual apenas tinha sido convidado para tomar o aperitivo com um dos convivas, para acertarmos umas direcções, relativamente a uma campanha eleitoral que se aproximava e depois pirar-me, já que os assuntos à mesa eram só para serem tratados pelos adultos na sala! Foi precisamente um desses adultos que gritou "Argélia", quando uma das conversas paralelas versou os perigos do islamismo mais próximo. São precisamente estes adultos que mantêm os clichés de há 20 ou 30 anos, não querendo perceber que tudo mudou para além dos seus quintais.

Suécia, terras raras e "autossuficiência europeia"
Por entre tantas más notícias internacionais tivemos em meados de Janeiro uma notícia excelente. Esta notícia, devido a imagens desoladoras e desumanas tais como as provocadas pela Rússia na Ucrânia, acabou por passar um pouco pelos pingos da chuva.
