A Supertaça de portas abertas

Chegou a altura de avançar. A nova temporada está aí e, como manda a tradição, coloca frente a frente o campeão e o detentor da Taça para decidirem entre eles quem leva a Supertaça Cândido de Oliveira. Mas é também tempo de recuperar outra tradição: futebol sem público é deprimente, portanto, vamos finalmente aliviar a depressão. Os espetadores regressam aos estádios.

É, porventura, o mais importante registo da época 2021/22. O futebol não foi criado para bancadas vazias, pelo contrário, perde grande parte do seu sentido sem o apoio e a emoção dos adeptos. A ausência de público é penosa para toda a gente, a começar pelos atletas que sempre viveram debaixo dos incentivos ou da hostilidade de quem assiste às partidas. Eles gostam de sentir um estádio a empurrá-los para o triunfo, quando jogam em casa, ou de responder em campo a um estádio que os contesta, quando jogam fora. Em qualquer circunstância, alinhar perante o vazio é contranatura.

A pandemia obrigou-nos a mudar tudo, incluindo a ida aos estádios. Tinha de ser, não havia alternativa enquanto não existisse uma arma que pudesse combater seriamente o vírus. O futebol respeitou as regras e esperou pacientemente que a vacina chegasse e começasse a ser aplicada. Agora não há mais razão para manter o futebol fora da órbita dos espetáculos com público. Mesmo com um terço da lotação é um momento importante. Demos mais um passo no combate à crise pandémica.

Portanto, o Sporting - Braga em Aveiro vai abrir este novo caminho. Estamos a falar de um troféu oficial que, mesmo não sendo dos mais relevantes no plano nacional (campeonato e Taça de Portugal têm um peso muito superior), traz consigo uma carga simbólica. E, para todos os efeitos, troféu é sempre troféu pelo que qualquer dos antagonistas quer iniciar a temporada a ganhar.

Ruben Amorim sabe melhor do que ninguém o que esta nova época implica. Não foi por acaso que já assumiu que esta vai ser mais difícil do que a anterior. Se será ou não depois se verá, mas o que importa é o enquadramento: o treinador leonino tem agora uma incumbência que não tivera antes, a de defender o estatuto de campeão. O Sporting passa a ser o alvo número um dos concorrentes, como sucede sempre, pois FC Porto e Benfica - naturalmente - vão fazer tudo o que puderem para destronar o leão.

Daí a importância de transmitir um primeiro sinal aos rivais, começando agora da mesma maneira como terminou antes. E, pelo que se viu na pré-temporada, o campeão consolidou processos e, principalmente, conservou o fundamental da sua estrutura. É verdade que o mercado ainda não encerrou, mas é sempre mais confortável para um técnico trabalhar em cima de algo devidamente testado (e com resultados) do que iniciar um novo ciclo.

Permanecem Adán, Coates, Palhinha, Pedro Gonçalves e Paulinho, isto é, o "grosso da coluna" da tal estrutura, mas há ainda Nuno Mendes - com Esgaio no lado contrário - e um Matheus Nunes que convém não perder de vista. É aguardar.

Já o Braga, depois de ter falhado por três vezes a conquista da Supertaça, vai tentar novamente a sua sorte. A pressão, contudo, é menor. De resto, não inocentemente, Carlos Carvalhal deixou claro que, para os arsenalistas, tudo o que for abaixo do quarto lugar é péssimo, mas tudo o que for acima é ótimo. E - isto ele não disse, mas está implícito - se conquistar algum título adicional, como sucedeu recentemente com a Taça de Portugal, tanto melhor.

Sem alaridos, mantendo um discurso prudente mas otimista, Carvalhal tenta gerir as expetativas, tentando não abanar um percurso de crescimento sustentado que tem marcado as últimas décadas do clube bracarense.

Uma vez que, até ver, o plantel não sofreu propriamente abanões violentos, olhando para os disponíveis é de crer que o onze a apresentar em Aveiro não ande longe do que temos visto nas partidas de pré-temporada. Paulo Oliveira (que parece ter pegado de estaca), Raul Silva e Sequeira devem constituir o trio mais recuado, com o inevitável Al Musrati no meio campo, contando ainda com um Galeno que, por sinal, foi o mais utilizado durante o defeso. Na frente, para lá do "obrigatório" Abel Ruiz, Ricardo Horta e Fransérgio surgem como os mais prováveis.

Esperemos um daqueles jogos que merecem aplausos. O público lá estará para o fazer.

PS: Jorge Fonseca é uma força da natureza. A medalha olímpica do judoca é mais do que merecida. Que a canoagem e o atletismo nos tragam agora mais recompensas de Tóquio.

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