Das duas, uma: o BPI ou cresce ou adoece. O futuro do sistema financeiro passa pelo banco que sair do acordo com Isabel dos Santos: um BPInho, com metade dos lucros atuais, ou, a prazo, um Novo BPI.
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Primeiro facto: o BPI é um dos mais importantes bancos nacionais. Apesar de não ter a dimensão do BCP ou do antigo BES, foi, nos últimos anos, uma das instituições mais sólidas do sistema, com rácios de capital elevados, e a primeira a ver-se livre de capital público: recorreu, em 2012, a um empréstimo de 1500 milhões de euros da linha da troika para se recapitalizar e já devolveu tudo.
Segundo facto: Angola vale quase 60% dos resultados do BPI.
Terceiro facto: o BPI vai perder Angola - se não no todo, pelo menos em parte. Seja qual for o formato final do acordo entre Isabel dos Santos e o CaixaBank, será esse o desfecho.
E é a partir daí que o futuro do BPI se desenha - e, com ele, o futuro do sistema financeiro nacional.
O BPI só não teve mais dificuldades durante a crise graças à atividade internacional. E sem Angola, essa componente torna-se residual. Apostar num novo mercado exigiria tempo e investimento, e ambos os bens são escassos. O que significa que, no imediato, ou o BPI se resigna a ser um banco pequeno, ou cresce. E só o pode fazer através da compra do Novo Banco.
O CaixaBank e Fernando Ulrich estiveram na primeira corrida ao NB, e entretanto já disseram que vão analisar as condições de venda do ex-BES. Não é de acreditar que não o façam de novo - o CaixaBank não entraria numa disputa com Isabel dos Santos para controlar o BPI se não tivesse planos para o banco. Até porque o BPI sem Angola não é o BPI, é o BPInho. Mesmo com Angola, o BPI já era uma espécie de Braga do campeonato da banca: joga bem, pressiona os grandes, de vez em quando ganha jogos importantes, mas raramente leva troféus para casa. Sem Angola, é a Académica: um clube com charme, mas que só tem pernas para lutar pela permanência.
Ou será que devia ter escolhido o Celta de Vigo e o Rayo Vallecano?