A medida do Governo de arrendar coercivamente casas devolutas, caiu como uma bomba na opinião pública. Mas esta é uma bomba que tem uma característica muito particular: nunca rebentará.
Esta é uma proposta que, é óbvio, nunca será posta em prática. Nunca verá a luz do dia.
É óbvio para mim, como é óbvio para o Sr. primeiro-ministro.
António Costa conhecia perfeitamente a polémica que esta proposta iria gerar. Previu o impacto e a resistência legítima da opinião pública e as dúvidas constitucionais mais que evidentes.
Mas se assim é, porque o fez António Costa? Distraiu-se? Não conhecia o pacote de medidas? Cometeu um erro político? Na minha opinião, nada disso corresponde à realidade.
António Costa fê-lo propositadamente, com a simples intenção de lançar cortinas de fumo sobre a situação do país.
Distrair-nos do estado da Saúde, da Educação, das greves, das trapalhadas e da falta de soluções que o governo tem para o país. Este tem sido de resto, um dos modus operandi do nosso primeiro-ministro, criar distrações, controlar narrativas e assim controlar o futuro.
Não se percebe esta medida, como nunca se percebeu a manutenção de tantos ministros altamente diminuídos no seu primeiro Governo. Mas a verdade é que enquanto se discutia a continuidade, ou não, daqueles zombies políticos, todas as falhas do governo, toda a inércia e toda a deterioração dos serviços públicos, passava para segundo plano.
António Costa vai, qual carro velho, soltando fumaça para tapar a triste realidade em que vivemos.
Na TAP, levanta dúvidas sobre a privatização do PSD, quando a renacionalização e a falta de capacidade de gestão do PS já nos custaram mais de 3,2 mil milhões de euros. Demite a CEO e o chairman da empresa, expiando assim os pecados de uma estratégia política desastrada e completamente desastrosa.
No recente caso da inflação dos produtos alimentares, o Governo lembrou-se que ao fim de quase um ano, com os portugueses a enfrentarem esta situação, pareceria bem fazer alguma coisa.
Porém, não escolheu enfrentar o problema de frente, não arranjou uma solução, não tomou uma medida, levantou mais uma cortina de fumo e arranjou um culpado, desta vez não foi Passos Coelho ou as divisões na direita, foram as distribuidoras.
É evidente que as distribuidoras têm de ser fiscalizadas, mas é ainda mais óbvio que o Estado está a engordar à conta da inflação. Os "lucros excessivos" que está a arrecadar, revestem-se de uma imoralidade atroz que, infelizmente, as cortinas de fumo do primeiro-ministro têm conseguido esconder.
Por ironia do destino, assistimos, durante a Pandemia ao ressuscitar, nos escaparates da livrarias, do clássico de George Orwell, 1984. Mais de 70 anos depois o livro voltou a ser um sucesso de vendas e não posso deixar de notar a coincidência de acontecer durante o mandato de António Costa, que tão bem aprendeu e executa a máxima:
"(...) Quem controla o passado, controla o futuro.
Quem controla o presente controla o passado (...)".
Infelizmente, para o país, o controlo das narrativas não cria prosperidade, não cria futuro, não é real. É só fumaça.