Há petróleo no pântano?

Quem governa em função dos índices de popularidade, está sempre mais perto de ser populista com o dinheiro dos contribuintes, sem ser capaz de resolver nenhum dos graves problemas que afetam a vida dos portugueses. Ter o Presidente em modo cata-vento, lendo com notável precisão o descontentamento da população, desgastando o Executivo e apelando a mais e mais ajudas, é um sinal de que estamos outra vez a entrar num pântano.

A vida não está fácil? Não. Mas pode sempre ficar pior. Esquecemos com demasiada facilidade que os países sobre-endividados, como continua a ser o caso de Portugal, enfrentam as crises financeiras de mãos e pés atados. Para já, o Credit Suisse e o Silicon Valley Bank são apenas auxiliares de memória para que ninguém esqueça de que a banca pode a qualquer momento voltar a ter problemas sérios, mas o aumento da taxa de juro como forma de combater a hiperinflação é uma realidade que já tem custos no Orçamento do Estado. A nova dívida, feita em 2023, custa mais do dobro que em 2022 e seis vezes mais que no ano anterior. Só em juros, Portugal terá de pagar aos seus credores sete mil milhões de euros durante este ano. O serviço de divida é resultado de um juro médio e o agravamento não será incomportável este ano, mas a vida não acaba amanhã.

O Banco Central Europeu tem repetido publicamente que as ajudas às famílias e às empresas devem ser temporárias e breves para que não se produza o efeito contrário à subida das taxas de juro no combate à inflação. E o mecanismo anti-fragmentação, pensado pelo BCE a olhar para os países do sul que tenham de ser socorridos quando o dinheiro ficar demasiado caro, obriga esses países a terem contas certas a todo o momento.

Olhamos para as medidas pré-anunciadas e percebemos que o governo está a responder à quebra de popularidade acrescentando medidas avulso ou despesa fixa para a eternidade. Nada com peso suficiente para resolver o problema das famílias ou dos funcionários públicos, mas todas procurando convencer-nos que o governo faz tudo o que pode. Não há uma crise nacional, há uma crise global, mas são nacionais as operações de marketing político em busca da popularidade perdida.

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