À medida que nos aproximamos da data em que se assinalará um ano da guerra surgem novas questões sobre o seu fim, sobre uma eventual mediação para um acordo entre as duas partes e ainda dúvidas acerca dos cenários económicos que vamos ter de enfrentar em 2023.
Em Portugal, crescimento de 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB), no fecho de 2022, reanimou alguma confiança nos consumidores e investidores. Mas, ainda assim, o que vem aí para 2023? Essa é a grande incerteza. Mesmo que a guerra terminasse amanhã, o país não teria uma recuperação económica em V. A ferida aberta pela pandemia e pelo conflito na Ucrânia pode demorar mais de um ano até começar a sarar.
O Banco Central Europeu (BCE) subiu, de novo, esta semana as taxas de juro em 50 pontos e vai continuar nessa estratégia para tentar controlar a inflação. Esta será uma das três subidas que o BCE poderá fazer, somando 150 pontos base no total, anteveem os economistas.
Na prática, as subidas das taxas de juro evidenciam que o dinheiro está caro e vai ficar ainda mais caro. Além disso, a alta dos preços da energia e dos preços dos alimentos continua a penalizar o orçamento das famílias portuguesas.
São vários os cenários possíveis para 2023. Para os economistas, o mais provável aponta para uma recessão. Porém, alguns entendem que pode não ser tão dura como se antevia, ou seja, o primeiro semestre será difícil, mas o segundo semestre não.
Assim, podemos ter de enfrentar uma recessão ou uma estagnação (crescimento zero ou próximo de zero) com inflação e, dessa junção perigosa, nascerá a maldita estagflação- o que quer dizer que não será gerada riqueza suficiente para enfrentar o monstro da inflação que nos devora a carteira todos os dias.
Vamos agora ao cenário, aparentemente, mais optimista: o país até pode crescer 1% ou 2% em 2023, por exemplo empurrado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas se a inflação continuar nos níveis onde está, não deixa de ser um mau cenário.
Veja-se o que aconteceu em 2022, em que a inflação abafou o crescimento, devorou o poder de compra e as poupanças dos cidadãos. Mesmo neste terceiro cenário de crescimento, os portugueses poderão continuar a perder muito dinheiro em 2023. Não é pessimimo, é realismo. E a solução qual é? Primeiro, apertar mais o cinto e depois crescer mais e mais, de forma consistente.