Após algum tempo de relativa acalmia, ontem foi mais um dia de luta intensa, tendo-se verificado uma adesão elevada à greve da função pública, pese embora no caso dos professores prejudicada pelos serviços mínimos decretados nos termos de mais um acórdão do Colégio Arbitral.
É importante realçar o aparecimento de novas modalidades de luta sindical, também na Educação, e elogiar a visão e capacidade de fazer emergir novamente na agenda a discussão, abandonada por alguns sindicatos de professores (assumindo a desistência ao retirar o dístico da lapela, que ostentaram durante largos meses), sobre a recuperação dos 6 anos 6 meses e 23 dias de trabalho efetivo, porém apagado...e de outros temas moribundos, entre os quais o modelo de avaliação dos professores e diretores e as barreiras artificiais de acesso aos 5.º e 7.º escalões são meros exemplo.
É justo reconhecer o mérito que motivou uma pedrada no charco, aplaudida e corporizada pela generalidade dos professores, colhendo, de imediato, ampla simpatia por parte dos sindicatos de outra forças profissionais.
A 9 de dezembro, e perante surpresa geral, foi iniciada uma greve de professores, atípica e por tempo indeterminado, quando simultaneamente decorriam (decorrem, ainda) as negociações com o ministério da Educação. O sindicato em causa ganhou enorme protagonismo, espicaçando os outros organismos representativos da classe docente, que tinham decretado as tradicionais greves, apelidadas pelo primeiro de "fofinhas" e "banais".
O inesperado protagonismo e a desunião no universo sindical (dos professores) foram dois fatores que se destacaram e originaram hostilidade e rivalidade (com laivos de inveja e inquietude) na justa luta protagonizada pelos professores, muito para além das forças sindicais. O WhatsApp tem-se apresentado como um instrumento poderoso de auxílio ao planeamento tático das ações levadas a cabo nas escolas.
Os serviços mínimos, em observação dos sucessivos acórdãos da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), retiraram algum do fôlego à luta estoica dos docentes, pois a indeterminação temporal da greve foi fator decisivo para a utilização desta arma poderosa adotada pela tutela.
Por teimosia, ou falta de perceção estratégica, um sindicato não deixa cair a sua munição (greve diária), apresentando sucessivos pré-avisos, inibindo, desta forma, o exercício, parcial ou integral, de um direito consagrado constitucionalmente, pois é fixada invariavelmente a obrigatoriedade de serviços mínimos semanais.
E neste estado de coisas, foi aprovado, esta semana, o novo regime de gestão e recrutamento de professores - não reunindo o acordo dos sindicatos, estando previsto para a próxima semana, o início da discussão relativa aos temas importantes reclamados pelos professores.
E a pergunta mantém-se: Para quando a luz ao fundo do túnel?