O primeiro andamento da grande maratona

Cabe ao campeão e a um dos recém-promovidos fazerem as honras de abertura de mais uma maratona do futebol português. Até meados de maio do próximo ano está em andamento a corrida por mais um título nacional com as emoções, o deslumbramento e as polémicas que o campeonato provoca. Para não variar.

Com público nos estádios depois de uma temporada de bancadas vazias - as exceções foram tão poucas que praticamente não contam - começam a reunir-se as condições para se caminhar no sentido daquilo que definimos como a "normalidade". Algo inalterável, isso sim, é o grupo daqueles que vão discutir o primeiro lugar, os três do costume. Por mais voltas que se dê, por muito que o Braga permaneça - e com razão - como o principal "outsider", o facto é que dificilmente o novo campeão não sairá do núcleo Sporting/FC Porto/Benfica. Também aqui para não variar.

Determinou o calendário da ronda inaugural que o pontapé de saída fosse dado em Alvalade. Compete, portanto, ao Sporting iniciar (literalmente) a defesa do título perante o novel Vizela, regressado ao primeiro plano vários anos depois.

Que os leões são favoritos no jogo nem precisa de explicação, mas não somente porque do ponto de vista qualitativo - individual e coletivamente - o Sporting é superior. Ruben Amorim já moldou a equipa para esta temporada e a estrutura, que pouco difere daquela que se sagrou campeã, demonstrou na Supertaça estar a funcionar em pleno. É a enorme vantagem de ter uma época de trabalho em cima, com sucesso evidente.

Daí que, nesta altura, a maior preocupação do treinador seja o fantasma do mercado a pairar. Para o desafio com o Vizela a formação será praticamente a mesma que derrotou o Braga em Aveiro (apenas com a muito plausível troca do lesionado Nuno Mendes por Ruben Vinagre) e assim deverá continuar nos próximos tempos. A menos que. Percebe-se perfeitamente por que motivo Amorim não se cansa de pedir "todos os dias" à direção para não vender jogadores...

Seguindo a ordem de entrada em cena, cabe ao Benfica a tarefa teoricamente mais complexa. É o único dos grandes a jogar fora e o Moreirense não será certamente um adversário simples de bater. Mas, na verdade, cabe às águias determinarem até que ponto pode ir a resistência da equipa de Moreira de Cónegos. Aliás, como sucedeu em Moscovo numa partida em que o Spartak não teve qualquer hipótese de travar um Benfica afirmativo e claramente melhor sob todos os aspetos, deixando os portugueses com a porta escancarada para o play-off da Champions.

Diga-se que este ponto pode constituir um auxílio suplementar para Jorge Jesus. Não terá João Mário, castigado, nem Seferovic, lesionado, o que simplifica as alterações que, certamente, já pensara efetuar nesta jornada para garantir algum equilíbrio na segunda mão com os russos.

Não podendo contar com João Mário (cuja influência já foi notória na Rússia), Jesus tem Pizzi ou Taarabt como alternativas para a função, da mesma forma que Gonçalo Ramos está como primeira opção para o ataque. Resta saber é se o técnico tem o 3x4x3 para manter como referência prioritária ou se regressa ao 4x4x2 nestes jogos da Liga portuguesa com adversários de perfil distinto. É que, se parece natural que Yaremchuk faça alguns minutos, a maior ou menor utilização do ucraniano também pode depender do sistema pelo qual Jesus optar.

Cabe ao FC Porto fechar este ciclo, já conhecedor dos resultados de leões e águias. Agora sim, vai arrancar oficialmente a época para os dragões, o que traz sempre uma curiosidade acrescida depois de vermos o Sporting vencer claramente a Supertaça e o Benfica triunfar sem contestação na pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

O Belenenses SAD é o primeiro obstáculo e, em tese, não surge como um problema dos maiores. Mas Sérgio Conceição sabe que ainda há várias coisas para afinar, principalmente as que se prendem com o processo defensivo como se viu na pré-temporada.

Taremi e Toni Martinez deixaram bem expresso que a frente de ataque está assegurada (embora o técnico precisasse de mais alguém para acautelar o todo da época), mas a relação meio campo/defesa mostrou algumas fragilidades que as equipas de Conceição não costumam ter. Ainda assim, não é de esperar que os azuis de Lisboa sejam um quebra-cabeças do ponto de vista ofensivo. Seria sempre uma enorme surpresa se o FC Porto não entrasse no campeonato com três pontos faturados.

PS: Notável a campanha portuguesa nos Jogos de Tóquio. Pedro Pichardo (ouro), Patrícia Mamona (prata), Fernando Pimenta e Jorge Fonseca (bronze) estabeleceram um novo máximo de quatro medalhas e só temos que lhes agradecer por isso. A todos, sem exceção.

E mantenho a minha: se Portugal tivesse realmente uma verdadeira política desportiva iria bastante mais longe. É verdade: já pensaram o que devem fazer com o desporto escolar?

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