Vladimir e Maria foram chamados ao Tribunal

Vladimir Putin, 70 anos, presidente da federação russa e Maria Lvova-Belova, 38 anos, comissária para os direitos da criança que trabalha no gabinete do presidente da federação russa foram chamados ao Tribunal Penal Internacional.

O TPI, assim abreviado, quer detê-los para se pronunciarem sobre o crime de guerra de que são indiciados: a responsabilidade de executar e mandar realizar a deportação e transferência de crianças de áreas ucranianas ocupadas para território da Federação Russa.

Um mandado de captura é uma ação que encoraja quantos de nós queremos justiça e reparação. É por isso hora de agradecer o gesto e a coragem aos juízes e juízas do TPI.

O rapto e transferência forçada de crianças, desde a separação das suas famílias aos campos e centros de reeducação destas crianças é um horror e pode mesmo constituir-se, por si só, como crime de genocídio e anulação de uma cultura e de um povo, o ucraniano.

No entanto, fica a pergunta que me assalta: há tantos outros crimes e tantos outros suspeitos que o Tribunal pode chamar, mas ainda não o fez.

Ataques a zonas residenciais, ataques a escolas, ataques a hospitais, execução de civis, utilização de bombas e armamento proibido. Há evidências de tudo isto, há prova material e inúmeros testemunhos disto tudo que aconteceu em muitas cidades ucranianas ao longo de já mais de um ano. Sabemos que os procuradores do TPI estiveram na Ucrânia, estiveram no terreno e tal como outras organizações, também recolheram prova.

Ficamos a aguardar que o Tribunal chame também suspeitos, que emita mandados de captura, desde os militares no terreno ao mais alto responsável desta guerra de agressão - Vladimir Putin.

Ficamos a aguardar que outros tribunais possam colaborar também neste desígnio de justiça essencial para alcançarmos a Paz.

Capturar estes suspeitos, nacionais de um país que não faz parte do Estatuto de Roma, que fundou o Tribunal Penal Internacional, não vai ser fácil. Eles não se vão entregar. As suas polícias não os capturarão ou entregarão. Não têm essa obrigação, nem reconhecem o Tribunal.

Há muitos países que não "reconhecem" este Tribunal. Mas mais do que reconhecer, acho que a palavra certa é medo. Têm medo dele, têm medo de se submeter ao respeito e ao primado da lei e por isso saem fora, dizem que não reconhecem, fogem - acreditam eles - para o reino da impunidade.

A injustiça em qualquer lado é uma ameaça à justiça em todo o lado. Assim dizia Luther King e é nesta atenção tornada em esperança que nos temos de centrar. Os regimes mudam, Putin e Lvova-Belova viajam, as circunstâncias alteram-se e quem sabe um dia, estes dois, e muitos outros responsáveis serão presentes no Tribunal e aí prestarão contas de tudo o que fizeram.

Um dia, temos de acreditar e querer, os criminosos serão punidos, as vítimas e suas famílias reparadas.

Um dia, temos de acreditar e querer, a Justiça prevalecerá e a Paz será reino entre todas as pessoas.

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