- Comentar
Melhores salários, maior conciliação entre vida familiar e laboral, e uma maior presença naquelas que são consideradas as funções de topo nas empresas e nas instituições. António Costa considera que, mesmo com o "muito que se ganhou" após o 25 de Abril, estes são ainda os "grandes desafios" com que se deparam as mulheres portuguesas no caminho para a igualdade de género.
"A desigualdade de género é mesmo o maior fator de desigualdade, porque atravessa metade da humanidade. Os desafios de igualdade salarial, da conciliação da vida familiar com a profissional, e de um maior equilíbrio nas funções de direção nas empresas ou na administração pública ainda os temos de vencer", disse o primeiro-ministro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, durante uma conferência promovida pela Associação 25 de Abril.
Em pleno Dia Internacional da Mulher - e num encontro que marcou o arranque das comemorações dos 45 anos do 25 de Abril -, o líder do Governo não quis deixar de assinalar as "conquistas" nas liberdades ou nos costumes, mas não escondeu a necessidade de alargar o espaço que é dado às mulheres em vários domínios.
O repórter João Alexandre registou as palavras de António Costa no Dia Internacional da Mulher
"É verdade que somos, há muito tempo, livres de poder dizer o que pensamos, podemos até ser livres de votar, mas hoje a exigência de liberdade é mais profunda do que há 45 anos. Hoje a liberdade estende-se a novos domínios", disse António Costa, que insiste na ideia de que é possível "enriquecer a democracia" e de que as desigualdades entre homens e mulheres são um obstáculo ao desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Quando nós sabemos que, 45 anos após o 25 de abril, a diferença salarial entre homens e mulheres, para a mesma função e para o mesmo lugar, ainda é, em média, de menos de 18% para as mulheres, não podemos estar satisfeitos. Quando nós sabemos que, só este ano, já houve 12 mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica, temos de dizer que, de facto, não alcançámos aquilo que temos de alcançar", lembrou.
Para o primeiro-ministro, apesar das diferenças de tratamento e de oportunidades que ainda persistem, o essencial é, no entanto, sublinhar a mensagem de que "os objetivos de Abril estão sempre inacabados" e que é possível fazer mais.
"Para aqueles que pensam que a revolução acabou a 25 de novembro de 1975, digo que a revolução é mesmo inacabada. Não vou dizer que a revolução continua, porque podia ter conotações ideológicas", disse o primeiro-ministro, já no final da intervenção.
Em jeito de resposta ao presidente da Associação 25 de Abril, António Costa lembrou o tema "Tanto Mar", do cantor brasileiro Chico Buarque: "Quando Vasco Lourenço evoca a canção de que 'foi bonita a festa pá', há uma coisa que quero garantir: A festa continua a ser bonita, pá!". Porque "a festa", defende António Costa, é sinal de "mudança" e de "liberdade".