
"O Orçamento [do Estado], daquilo que já se sabe, tenta manter-se o objetivo do défice em 1%, simultaneamente baixando a receita e aumentando bastante a despesa", diz à TSF a ex-ministra das Finanças.
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Manuela Ferreira Leite disse esta manhã à TSF, no seu espaço de comentário "A Opinião", que as ideias para o Orçamento do Estado para 2018 soam a "milagre". A antiga ministra das Finanças prevê dificuldades com o cenário traçado, pois a folga, diz, navega em águas incompatíveis.
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"O orçamento, daquilo que já se sabe, tenta manter-se o objetivo do défice em 1%, simultaneamente baixando a receita e aumentando bastante a despesa, o que, à primeira vista, parece um milagre", começa por dizer a ex-ministra das Finanças.
E continua: "A despesa aumenta bastante na sua tabela salarial, com as progressões nas carreiras, com as horas extraordinárias; e a receita também obviamente baixa com a alteração dos escalões do IRS (com a perda da receita que daí pode recorrer)".
Questionada sobre o cenário de milagre, explica: "É evidente que só é possível porque se espera um crescimento económico. É daí que vem a folga para se poder acomodar todo este conjunto que parece incompatível", alerta.
Manuela Ferreira Leite revela algumas reticências quanto ao que aí vem:
"Será que o crescimento económico vai ser aquele que se espera? Tem sido porque o Governo tem tido o cuidado de fazer projeções muito cautelosas, obviamente abaixo do expectável. No final do ano tem sempre aquela florzinha de dizer que o défice foi inferior ao que se esperava...
O meu receio é que a conjuntura económica não seja tão favorável como tem sido. Espera-se que a política monetária que vá ser seguida pelas instituições internacionais, como o Banco Central Europeu, provoque um aumento da taxa de juro. Espera-se [também] que o aumento do petróleo seja uma realidade. Por outro lado, há pelo menos quatro economias muito importantes na Europa que se espera que não tenham uma evolução muito positiva: Espanha, Holanda, Itália e Alemanha."