Alexandra Leitão prevê que é "difícil" PS viabilizar orçamentos do novo executivo de Lisboa

António Cotrim/Lusa
Liderando a vereação socialista no executivo municipal de Lisboa, Alexandra Leitão reforçou que o PS vai ser "uma oposição rigorosa, muito exigente, leal, como sempre"
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O PS na Câmara de Lisboa perspetiva que seja "difícil" viabilizar orçamentos do novo executivo presidido por Carlos Moedas (PSD), ao contrário do que aconteceu no último mandato, afirmou hoje a vereadora socialista Alexandra Leitão.
"Em princípio, e não me estando a vincular a nada, porque temos também que conversar, temos que ver, mas em princípio eu diria que será difícil viabilizarmos orçamentos deste executivo", disse Alexandra Leitão, à entrada para a cerimónia de instalação dos órgãos municipais de Lisboa para o mandato 2025-2029, que ocorreu na Gare Marítima de Alcântara.
Liderando a vereação socialista no executivo municipal de Lisboa, Alexandra Leitão reforçou que o PS vai ser "uma oposição rigorosa, muito exigente, leal, como sempre".
No anterior mandato 2021-2015, os quatro orçamentos municipais da liderança do social-democrata Carlos Moedas, que governou sem maioria absoluta - situação que se mantém no mandato que agora se inicia -, foram aprovados graças à abstenção dos vereadores do PS, tendo contado com os votos contra da restante oposição, nomeadamente PCP, Livre, BE e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).
Sobre uma eventual aliança entre a candidatura PSD/CDS-PP/IL com o partido Chega, a socialista Alexandra Leitão recusou fazer comentários a partir de "boatos ou coisas que ainda não aconteceram".
"Vamos aguardar para ver como é que, quer na Câmara Municipal, quer na Assembleia Municipal, este novo ciclo que se inicia, com novas correlações de forças, como é que vai evoluir", declarou a vereadora do PS.
Também em declarações aos jornalistas, o vereador único do PCP, João Ferreira, lamentou as duas listas propostas por PS e por PSD para a eleição da Mesa da Assembleia Municipal de Lisboa, que não incluem eleitos da CDU (coligação PCP/PEV).
"O PCP sempre defendeu uma solução em que a Mesa reflita a composição plural do órgão, tendo em conta os resultados eleitorais. Revimo-nos na solução encontrada no mandato passado de uma solução de consenso, uma lista única de consenso, assegurando essa representação plural na Mesa. Foi isso que procurámos fazer também este ano. Isso, infelizmente não foi possível, por indisponibilidade, pelo menos até agora, de PS e de PSD", declarou João Ferreira.
O comunista defendeu uma solução que assegure na Mesa da AML "uma representação plural, tendo em conta os resultados eleitorais", referindo que tal "implicava, em primeiro lugar, a não existência das duas listas".
Sobre a eventual aproximação do Chega ao social-democrata Carlos Moedas para entrar na liderança do executivo municipal, algo que terá sido vetado pela IL, João Ferreira disse que "os próprios é que poderão comentar isso".
"O que tive ocasião já de dizer é que, do ponto de vista programático, foi possível identificar, isso foi visível, a coincidência de posições à direita, de muitas coincidências de posições sobre variados temas. Agora, a barganha que existe nesse campo, deixo-a para esse campo", acrescentou o comunista.
Nas eleições de 12 de outubro, o social-democrata Carlos Moedas foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, através da candidatura "Por ti, Lisboa" - PSD/CDS-PP/IL, que obteve 41,69% dos votos e conseguiu oito mandatos, mais um do que os sete alcançados em 2021, ficando a um de obter maioria absoluta, o que exigiria a eleição de nove dos 17 membros que compõem o executivo da capital.
A segunda candidatura mais votada foi a "Viver Lisboa" - PS/Livre/BE/PAN, encabeçada pela socialista Alexandra Leitão, que teve 33,95% dos votos e elegeu seis vereadores, seguindo-se o partido Chega, que conseguiu 10,10% dos votos e dois mandatos, e a CDU (coligação PCP/PEV), que obteve 10,09% dos votos e elegeu um vereador, tendo falhado a eleição de um segundo mandato pela diferença de um voto em relação ao Chega.
No mandato 2021-2025, o executivo municipal integrou sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" (PS/Livre), dois da CDU e um do BE. O Chega não conseguiu eleger vereadores em 2021.
