Chega vai reunir-se com Governo, mas "está fora das negociações". Ventura coloca Montenegro e Costa no mesmo saco
A delegação do Chega não vai contar com André Ventura, que justifica com a ausência do primeiro-ministro
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Perante a indisponibilidade do Chega, o Governo alterou a reunião do partido, para discutir o Orçamento do Estado, para quarta-feira. André Ventura já se mostrou indisponível para negociar o documento, mas confirma agora que o partido vai estar na reunião. Não é um passo atrás, é apenas cortesia.
O grupo parlamentar do Chega está, por estes dias, em Castelo Branco, para as primeiras jornadas parlamentares desde o aumento da composição do grupo parlamentar de 12 para 50 deputados, com o tema “Desafios orçamentais para 2025”. Certo é que André Ventura já colocou o partido de fora das negociações, mas vai apresentar-se na reunião com o Governo.
“O Governo disse que tinha dados para apresentar sobre o cenário macroeconómico e o Chega é um partido responsável e, portanto, vai ouvir o que o Governo tem para dizer. Se o senhor primeiro-ministro me convocasse, eu lá iria também, isto não quer dizer que vai aprovar o orçamento dele”, justificou.
A delegação do Chega não vai contar com André Ventura, lembra que o primeiro-ministro Luís Montenegro também não vai estar nas reuniões, e atira o Governo para os braços do PS. Coloca até os dois partidos no mesmo saco.
“Estamos a dizer ao país que estes dois partidos que governaram nos últimos 50 anos, e que este partido que governa exatamente igual ao PS, não pode ter a nossa confiança”, acrescentou, em discurso direto, perante os restantes deputados do Chega.
Entrou Luís Montenegro, saiu António Costa, mas André Ventura compara a governação dos dois. E nota poucas diferenças “da economia à justiça, da imigração às infraestruturas”: “Governa exatamente igual a António Costa”.
“Não, Dr. Luís Montenegro. Se governar exatamente igual a António Costa, a nossa palavra será a mesma: não ao Governo do PSD de Luís Montenegro”, atirou.
Ventura deixou depois as cortesias e falou diretamente para o “Luís”, com uma frase a fazer lembrar a da noite eleitora de 30 de janeiro de 2022, quando António Costa venceu a maioria absoluta. Só mudou o vocativo.
“Luís, nós vamos atrás de ti”, atirou, garantindo que “este primeiro-ministro nunca mais o apanhará de surpresa”, depois de uns primeiros meses em que o partido “estava impreparado” e admitiu formar Governo com Montenegro.
Fica a garantia ao Governo da Aliança Democrática, em toma de ameaça, com André Ventura a pedir que o Chega esteja mobilizado “para as batalhas que se avizinham”. Depois do Orçamento do Estado, quem sabe, eleições legislativas.