Marcelo avisa forças de segurança em protesto que devem procurar manter "apoio dos portugueses"
Presidente da República alerta que ameaçar a não realização de eleições é criar uma "insegurança" e que tal pode precisamente abalar as bases da solidariedade para com polícias e militares.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avisou esta quarta-feira que as forças de segurança em protesto devem procurar manter "o apoio dos portugueses", algo que classificou de "muito importante", mas apontou que esse apoio só é mantido "na base da confiança e da segurança".
"É muito importante que daqui até às eleições, e além das eleições, que as forças de segurança - eu podia dizer isso de todas as outras entidades reivindicativas, que são muitas, mas as forças de segurança em particular -, continuem a ter o apoio dos portugueses na base da confiança e da segurança", disse o chefe de Estado aos jornalistas durante uma visita a uma exposição na Cordoaria Nacional, em Lisboa.
Para Marcelo, esse apoio só se mantém "na medida em que as forças lhes deem segurança", algo que podia ter sido colocado em causa quando surgiu a ameaça à realização das eleições de 10 de março, dado que os portugueses "vão acompanhando com solidariedade, mas com atenção, as formas de luta" escolhidas.
"Imediatamente isso foi esclarecido, e tinha de ser esclarecido, porque não era bom para as forças de segurança dar uma sensação de insegurança", apontou, até porque "não há maior insegurança do que dizer que pode não haver eleições, que são o fusível de segurança da democracia. É a mesma coisa que dizer que não garantem a segurança da democracia".
Sobre o caso em específico, Marcelo revelou não ter tido dúvidas de que "nunca ninguém poria em causa as eleições", uma vez que estas "foram uma grande luta durante a ditadura".
"Não pode haver nenhum processo reivindicativo, nenhum problema, mesmo muito justo, que possa levantar dúvidas sobre a realização de eleições. Foi esclarecido e achei muito bem que tenha sido esclarecido", rematou.
O presidente do Sinapol, Armando Ferreira, alertou para o risco de poderem estar em causa as eleições legislativas de 10 de março no âmbito das ações de protesto da PSP e GNR pela atribuição de um suplemento à semelhança do que aconteceu na PJ.
Entretanto, o port-voz da plataforma que reúne os sindicatos destas forças de segurança esclareceu que o ato eleitoral não será posto em causa.
Marcelo atira responsabilidade para futuro Governo
As forças de segurança têm pedido a intervenção de António Costa, mas Marcelo Rebelo de Sousa entende que este é um caso “de futuro”, ou seja, para o próximo Governo. Pedro Há quem já tenha prometido “fazer contas”, outros comprometem-se em ouvir as reivindicações depois de 10 de março.
“Daqui a dois meses, três meses, quatro meses, um Governo que saia, uma das preocupações que tem como prioritária é corresponder às legítimas aspirações e de uma desigualdade que se introduziu”, sublinhou.
E sobre o futuro Governo, Marcelo Rebelo de Sousa nada diz de concreto, porque “o que conta são os votinhos a 10 de março” e o Presidente “só se concentra em factos e resultados”.