"Orgulhosamente de esquerda." Jorge Pinto diz que candidatura a Belém "fazia falta" e será voz distintiva
Jorge Pinto respondeu a António José Seguro e disse que a "esquerda não é uma gaveta, mas sim uma janela"
Corpo do artigo
O candidato presidencial Jorge Pinto disse que a sua candidatura "fazia falta", que será uma "voz distintiva" nestas eleições e que o país precisa de um Presidente da República que seja um "contrapeso democrático".
Jorge Pinto, 38 anos e deputado do Livre, falava na apresentação da sua candidatura a Belém, em Amarante (distrito do Porto), concelho de onde é natural.
O candidato explicou que decidiu ir a jogo porque "não surgiu uma candidatura extra partidária que agregasse as esquerdas" e pudesse recuperar a Presidência da República.
A sua candidatura, frisou, "fazia falta". É uma candidatura "da esquerda democrática, ecologista, europeísta, regionalista e globalista, uma candidatura feminista, antirracista, defensora intransigente dos direitos humanos, da dignidade e da decência".
"Nós precisamos disto e eu não podia virar a cara a esta luta. Eu estou hoje muito convicto que esta foi a decisão certa. A minha candidatura, a nossa candidatura, vai ser uma voz distintiva nestas eleições", afirmou, garantindo que é "orgulhosamente de esquerda" e que a "esquerda não é uma gaveta, mas sim uma janela".
Já depois da apresentação, questionado pelos jornalistas sobre uma desunião da esquerda com as várias candidaturas já apresentadas, Jorge Pinto disse que representa "um espaço ideológico que é o da esquerda democrática, o da esquerda que não tem vergonha de ser de esquerda" e que acredita que a "esquerda ainda vai a tempo de passar à segunda volta".
"Porque já cansa, e já cansa mesmo, ter uma agenda que é marcada diariamente por temas e assuntos que dizem pouco aos portugueses e que pouco contribuem para melhorar o seu dia-a-dia", salientou, garantindo que quer trazer à campanha temas que as pessoas querem ouvir, como o aumento do custo de vida ou a liberdade.
Num cenário em que o país tem "uma maioria parlamentar de mais de dois terços de direita e extrema-direita, ambos os governos regionais de direita, Lisboa, Porto e Braga também com presidências de direita", Jorge Pinto realçou esta eleição presidencial "é particularmente importante".
"Porque nós precisamos de um Presidente da República que seja um contrapeso democrático. Um Presidente da República que tenha a coragem e a clareza de dizer o que fará caso o nosso regime e os alicerces do nosso regime estejam sob ameaça", frisou.
A propósito deixou a sua "primeira promessa".
"Se no parlamento houver a tentação de haver uma revisão drástica da nossa Constituição, feita apenas pela direita e pela extrema-direita, uma revisão drástica que não passou pelas eleições, que não passou pela campanha eleitoral, que não foi discutida com os portugueses, fica aqui a minha promessa: eu voltarei a chamar os portugueses às urnas para que essa discussão tenha lugar e para que os portugueses digam se estão ou não estão confortáveis com uma revisão drástica da nossa Constituição", garantiu.
Jorge Pinto clarificou depois que convocaria novas eleições legislativas.
Num longo discurso, disse ainda que avançar com o processo de regionalização deve ser "uma missão de qualquer Presidente da República", comprometeu-se a assegurar a representatividade do país no Conselho de Estado e a levar a "todo o país um Pacto Republicano" que é "também um pacto de defesa do regime" que disse estar "em risco".
Jorge Pinto é formado em Engenharia do Ambiente, também doutorado em Filosofia Social e Política, com uma tese sobre "republicanismo, ecologia e pós-produtivismo".
Esteve envolvido na fundação do Livre, integrando a atual direção (Grupo de Contacto), e é deputado na Assembleia da República desde 2024.
O Livre oficializou também hoje o apoio à candidatura presidencial de Jorge Pinto, depois de uma consulta interna não vinculativa na qual obteve 67% dos votos de militantes.
Um dos líderes do partido Rui Tavares não estar na apresentação por motivos familiares e mandou uma mensagem em vídeo, marcando presença a também líder Isabel Mendes Lopes.
