“Um governo incompetente e que governa para uma minoria nunca terá a confiança do PS”
Apesar dos apelos de vários governantes para que o PS opte pela abstenção na moção de censura, Pedro Nuno Santos não cede
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O dia era para a apresentação de Alexandra Leitão como candidata à Câmara Municipal de Lisboa, mas a crise política, com eleições legislativas antecipadas em vista, roubaram o palco à protagonista. Pedro Nuno Santos garante que um Governo “incompetente e que governa para a minoria nunca terá a confiança do PS”, ou seja, a moção de confiança debatida na próxima terça-feira vai mesmo levar à queda do Executivo de Luís Montenegro.
Pedro Nuno Santos até deixou várias críticas à governação de Carlos Moedas em Lisboa, mas “eles não são só maus em Lisboa”: “Não, não, não. E não demoraram muito tempo a mostrá-lo”. Foi a deixa para o socialista entrar no cerne do discurso, de mira apontada a Luís Montenegro.
“Um governo incompetente e um governo que governa para a minoria nunca, nunca terá a confiança do Partido Socialista”, disse.
Apesar dos apelos de vários governantes para que o PS opte pela abstenção na moção de censura, Pedro Nuno Santos não cede. E a culpa, acrescenta o secretário-geral do PS, é de Luís Montenegro.
“Nós queremos um país com transparência, onde os políticos assumem o que fazem e são transparentes perante o seu povo. Nós não somos causadores de instabilidade, não fomos nós que causamos instabilidade”, defendeu.
O PS “tem sentido de responsabilidade e sentido de Estado” e chumbou duas moções de censura a pensar na estabilidade do país. A moção de confiança, “que o PS não pediu”, foi apresentada pelo Governo que sabia, de antemão, que os socialistas votariam contra.
Pedro Nuno Santos até olhou, no entanto, para um possível cenário pós-legislativas, que pode levar Carlos Moedas para a liderança do PSD: “Um presidente que não está, nem nunca esteve, comprometido com Lisboa, está só à espera que o seu líder caia na expectativa de sair daqui rapidamente”.
Críticas já partilhadas por Alexandra Leitão que quer Lisboa “com uma liderança real” e “não de cenários fabricados ou de mera propaganda”. Lembra ainda que “as eleições não são um projeto pessoal nem se ganham no dia da votação”.
Alexandra Leitão aponta diferenças para Moedas. Alegre lamenta decisão do PCP
Alexandra Leitão defende uma cidade com com mais habitação acessível, mais cultura e melhores apoios financeiros para os jovens e, sem nunca referir o nome do adversário pela câmara da capital, afirma que “não basta dizer que se quer resolver o problema da habitação, é preciso propor e executar medidas concretas”.
“Não basta anunciar a entrega de milhares de chaves – aliás, quase todas herdadas do anterior executivo - é preciso garantir que as pessoas vivem em segurança e com dignidade nos bairros municipais”, acrescentou.
Em cima da mesa ainda está uma frente de esquerda pela câmara de capital, com Bloco de Esquerda e Livre, já depois de o PCP ter-se colocado de fora. E daí o reparo do histórico socialista Manuel Alegre, que abriu o palco.
“Seria desejável uma frente de esquerda, mas o PCP prefere refugiar-se em si mesmo. A responsabilidade não é nossa. O PS não anda a reboque da direita, mas também não anda a reboque do PCP”, disse.
E com uma certeza: “Não há solução sem o PS, muito menos contra o PS. Não há alternativa sem o PS”. As palavras de Manuel Alegre são sobre Lisboa, mas podiam ser adaptadas para as legislativas, já que antes das autárquicas, os portugueses ainda vão às urnas para escolher um novo Parlamento.