"Este ataque não o vemos apenas como um sinal do seu conhecido ressabiamento. Esse é um aspeto, mas o aspeto mais importante é que Cavaco Silva está a atacar o BE e a esquerda porque têm mais poder". É desta forma que José Manuel Pureza, deputado do BE e vice-presidente da Assembleia da República, responde ao antigo chefe de Estado.
Em entrevista à TSF , Cavaco Silva acusou BE e PCP de se "curvarem" perante a "realidade" e de aceitarem "tão facilmente aquilo com que anteriormente atacavam com grande violência o Governo de Passos Coelho".
Ouvido pela TSF a propósito da entrevista do ex-presidente da República, o deputado do BE e vice-presidente da Assembleia da República sublinha que "sempre que Cavaco Silva quis que o país recuasse do ponto de vista social e económico e sempre que o PS se mostrou hesitante" o BE esteve presente.
"Temos um país melhor hoje porque a esquerda a que o BE pertence nunca transigiu e Cavaco Silva não manifestamente não gosta desse país melhor. É esse ressabiamento e essa inimizade política com esse país que melhorou que faz com que Cavaco Silva queira menorizar o papel do BE nesses avanços", acrescenta.
Para José Manuel Pureza, à medida que o Bloco de Esquerda "ganha poder", Cavaco Silva tem "mais necessidade de dizer mal e atacar" os bloquistas.
Questionado sobre o que pretende Cavaco Silva ao revelar o contudo das reuniões com antigos primeiros-ministros, o deputado considera que se trata da "exibição da pequenez" do antigo chefe de Estado.
"Cavaco Silva faz uma espécie de presidência aberta retroativa, que é enormemente seletiva. Divulga o que quer divulgar e como ataque a uma solução política. Não é um serviço público de divulgar as suas memórias. É uma estratégia política do ator que foi o mais político dos políticos", conclui.
