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No programa Pares da República, Manuela Ferreira Leite reagiu à frase de Francisco Louçã, de que "quem atirou lama ficou enlameado", numa referência velada às declarações de Cavaco Silva quando disse que "não há comparação possível" entre o Governo a que deu posse em 2015 e o atual Executivo, no que concerne às relações familiares.
Manuela Ferreira Leite admitiu que "podem existir casos nos gabinetes, mas não no Conselho de Ministros" e citou o caso dos irmãos Beleza.
"Ninguém duvida da capacidade de Leonor Beleza e do Miguel Beleza, irmãos por acaso, e que qualquer deles era ministriável", lembra Manuela Ferreira Leite para sublinhar que "só quando saiu a Leonor Beleza é que entrou o Miguel Beleza. Nunca estiveram os dois ao mesmo tempo". A antiga ministra de Cavaco Silva quis, por isso, refutar a "ideia da lama" que não considera "justa".
Na edição semanal do programa Pares da República, Manuela Ferreira Leite manifestou dúvidas de que a questão das nomeações possa ser resolvida com alterações à lei.
"Aquilo que se exige não é tanto uma legislação mas a ver um escrutínio da capacidade, do currículo, das aptidões das pessoas que são escolhidas", defendeu a antiga governante.
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"Suponha que eu sou a secretária de Estado de um setor, onde tenho uma empresa de mel, tenho de ter ao pé de mim uma pessoa que perceba de colmeias, se a pessoa mais preparada do país, por acaso, for o meu primo vai ter que ser", explicou Manuela Ferreira Leite recorrendo à caricatura para defender que "um sistema em que todos possam ir jogo".
"Há relações familiares e de amizade que não se detetam, a não ser que haja uma investigação absolutamente persecutória que torna isto completamente inviável", avisou a antiga líder do PSD, alertando ainda que "começa a ser cada vez mais difícil haver alguém que aceite lugares públicos"
No mesmo programa da TSF, Francisco Louçã considerou que "o Parlamento deve ter regras transparentes e corrigi-las" mas avisou contra "o efeito de confusão".
"Há uma imprensa que faz disso uma espécie de cavalgada de Cavaleiro Branco", criticou o antigo dirigente do Bloco de Esquerda.
"Não se pode limitar carreiras profissionais próprias, nem criar uma espécie de catálogo geral e andar a descobrir o primo de quinto grau", ironizou Francisco Louçã reconhecendo que "sempre foi um problema que haja familiares no Conselho de Ministros.
"O problema existe desde o início: Marcelo Rebelo de Sousa disse 'não fui eu que dei possa este governo, já existia', foi aceite pelo anterior Presidente, foi escolhido pelo primeiro-ministro mas é um constrangimento".