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Cavaco Silva responde, indiretamente, a quem discorda da publicação de conversas privadas com os primeiros-ministros com quem trabalhou, Pedro Passos Coelho, presente na sala, e António Costa.
"Nunca receei ser submetido a exame da consistência intemporal das posições publicamente assumidas. É algo que muito prezo", disse a dado passo da curta intervenção que proferiu na apresentação do livro.
Cavaco Silva volta a chamar-lhe "prestação de contas", defendendo a publicação do relato dos "diálogos diretos" que manteve com Passos e Costa.
"Foram registados na hora o que lhes garante a total fidedignidade", assegurou o antigo Presidente da República para quem essas reuniões de quinta-feira, que dão nome ao livro de memórias, constituem dos "meios mais eficazes que o Presidente tem para influenciar o processo politico de decisão. É principalmente aí que o Presidente exerce a magistratura de influência".
Neste segundo volume "Da Coligação à Geringonça", Cavaco Silva destaca dois períodos :" a coligação passou por momentos graves mas recompôs-se" e sobre a "solução apelidada de Geringonça: não podia deixar de me suscitar dúvidas".
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A jornalista Judith Menezes e Sousa assistiu à apresentação do novo livro de Cavaco Silva
Por partes, sobre a coligação liderada por Passos Coelho e Paulo Portas, hoje ausente, Cavaco diz que "os líderes do PSD e do CDS souberam encontrar o caminho do superior interesse nacional." Admite que discordou "várias vezes" das opções do governo PSD/CDS mas sublinha que "certo é que o pais evitou um segundo resgate e reencontrou o caminho do crescimento."
O elogio desaparece quando o antigo Presidente passa a referir-se ao atual Governo: com "um demorado e complexo processo de formação" e com a presença dos partidos da esquerda a suscitar "dúvidas".
Quase a fechar a intervenção um aviso: "que os Governos não deixem cair outra vez Portugal numa situação de bancarrota".
Na intervenção Aníbal Cavaco Silva referiu-se ainda a outra parte do livro sobre as homenagens que prestou, enquanto Chefe de Estado, para provocar risos na sala, quando disse que foi "o Presidente que, até à data, menos condecorações" atribuiu.
No auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian viam-se algumas cadeiras vazias, numa plateia recheada de rostos do tempo do "cavaquismo" como Leonor Beleza, que apresentou o livro, assumindo a sua "não independência" face a Cavaco Silva e dizendo que foi o antigo Presidente quem "puxou os cordelinhos para manter a coligação PSD/CDS".
Entre outros alguns dos nomes presentes: Eduardo Catroga, Manuela Ferreira Leite, Faria de Oliveira e Teresa Gouveia, antigos ministros de Cavaco Silva, e Assunção Esteves, antiga presidente do Parlamento.