"Pergunto: onde está o interesse do país nesta remodelação?"

No programa Pares da República, da TSF, Manuela Ferreira Leite criticou a recente remodelação do Governo promovida por António Costa, defendendo que apenas salvaguarda os interesses do PS e não os do país.

Manuela Ferreira Leite não vê com bons olhos a recente remodelação governamental promovida por António Costa. No programa Pares da República, a comentadora acusa António Costa de estar mais preocupado com o PS do que com o país.

A antiga ministra entende que nesta remodelação o que esteve em causa foi como é que o Partido Socialista se solidifica agora e no futuro. "Vejo esta remodelação como nada inocente, com consequências negativas e como uma capa de defesa de vários tipos de interesses - nomeadamente o futuro do partido socialista - e não o interesse do país. Pergunto: onde está o interesse do país nesta remodelação?"

Um dos efeitos destas mudanças no Executivo foi a subida de Pedro Nuno Santos a ministro das Infraestruturas, ficando com o pelouro da habitação, algo que, avisa Manuela Ferreira Leite, faz esperar o pior.

"Há aqui este ponto do ministro que é verdadeiramente um elemento de viragem à esquerda, com o BE e o PCP. É ele que vai ter o setor da habitação. Que espere quem é proprietário, quem é senhorio, quem tem alojamentos locais, quem tem problemas de arrendamento, o que lhe vai sair na rifa. É altamente preocupante. Não é inocente esta passagem, é uma troca de cadeiras altamente complexa", alertou.

Outra das mexidas é a subida de Mariana Vieira da Silva ao cargo de ministra da Presidência. A crítica de Manuela Ferreira Leite incide também sobre as relações familiares dentro do Governo, uma vez que esta nova ministra é filha do também ministro José Vieira da Silva.

"Acho isto absolutamente inaceitável do ponto de vista da credibilidade. Não estou a pôr em causa a competência das pessoas, evidentemente, mas eu pergunto se tem distanciamento suficiente para, em Conselho de Ministros, olhar para os diplomas - alguns que possam vir de áreas que já conhece lá de casa - e se isso é suficiente para o papel que a ministra da Presidência tem que ter", questionou no programa da TSF.

A entrada de novos ministros representou, obrigatoriamente, a saída de outros. Um deles é Pedro Marques, agora ex-ministro do Planeamento e Infraestruturas, que foi apresentado como cabeça de lista do PS às Europeias. Manuela Ferreira Leite considera que, enquanto foi ministro, Pedro Marques esteve em campanha de autopromoção.

"Uma falta de ética que eu considero absolutamente criticável. Até a ideia de que vai ser substituído por um ministro que chega lá e não vai fazer nada porque, pelos vistos, já anunciou tudo e que, portanto, se vê que não esteve a defender nenhum projeto para o país, mas esteve a fazer uma ronda para se promover a si próprio, porque pouca gente saberia quem era o ministro, para se candidatar a umas eleições E agora dizem que é por uma questão de ética, que sai do Governo para poder fazer campanha à vontade. A campanha fê-la durante o Governo, enganando as pessoas", defende a antiga ministra de Estado, Finanças e Educação.

José Ribeiro e Castro, também comentador do programa "Pares da República", considera que esta foi uma remodelação "fraquinha" e que não mostra "caras novas" da sociedade civil.

"Não há nenhuma capacidade de captação de uma grande figura da economia, da vida universitária ou da vida cultural. Não existe rotação do banco, não de suplentes, mas de pessoas duas que jogam noutras posições e que são convocados para posições mais avançadas", citando o exemplo do Sport Lisboa e Benfica, diz que não existe "um João Félix ou um Ferro."

Assim, "é um reforço do núcleo duro, não mais do que isso e é também uma consolidação da viragem à esquerda que, aliás, já tinha sido feita na pequena remodelação anterior, nomeadamente pelo tom manifestamente mais à esquerda da titular da Saúde. Nesse aspeto, não tem a ver com a qualidade das pessoas, mas é uma remodelação fraquinha", defendeu o comentador.

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