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Rui Pereira, antigo ministro da Administração Interna e autor de um parecer que defendia que o inquérito ao furto de Tancos iniciado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) não podia ter sido junto ao da Polícia Judiciária (PJ), garantiu esta tarde que em "nenhuma circunstância" o documento que elaborou poderia sustentar uma operação encoberta, desenvolvida pela PJM.
Ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades do furto do material militar em Tancos, Rui Pereira salientou que o parecer de que foi autor "é claríssimo" e "nunca fala em nenhum processo concreto".
"O parecer até podia parecer ambíguo, [mas] não é", garante antigo governante
"Eu não escrevi mais do que escrevi no parecer. O parecer até podia parecer ambíguo e equívoco, [mas] não é. É sobre uma questão abstrata, sobre a possibilidade de conexão de processos que é respondida em termos exatos à luz da teoria clássica da interpretação", justifica, assegurando que "tudo o que vier para fora disso é especulativo e abusivo".
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Questionado pelos deputados, o antigo ministro sustentou que "uma investigação paralela", que tivesse sido levada a cabo, jamais poderia ser justificada pelo parecer que escreveu.
"Nunca um parecer que tivesse o meu nome daria lugar a uma ação encoberta", garantiu Rui Pereira
"Não tenho conhecimento da investigação paralela por algo que não seja a comunicação social, não sei mais uma linha sobre a matéria que não seja através da comunicação social", realço.
Em relação à dica investigação paralela, Rui Pereira explica que "em Portugal só podem ser desenvolvidas ações encobertas pelas Polícia Judiciária". Como tal, "nunca um parecer que tivesse o meu nome daria lugar a uma ação encoberta", reforça o antigo governante.
No arranque da audição, Rui Pereira quis deixar claro que o parecer que elaborou foi feito 'pro bono', que lhe foi pedido "pelo capitão João Bengalinha, da PJM" e que não sabe "a mando de quem". O antigo ministro admite ter-se tratado de um "pedido informal".
"Fiquei com a sensação de que era um parecer informal", assegurou Rui Pereira
"Admito que tenha sido pedido em nome da instituição, mas não tenho isso claro foi pedido pelo capitão e colocou a questão exata. Poderia fazer um parecer 'pro bono' para o Estado português, mas na realidade fiquei com a sensação de que era um parecer informal, senão seria feito pela via oficial", garantiu na comissão.