As comemorações do 25 de Abril mantêm-se no Parlamento depois da falta de consenso para que a sessão solene fosse realizada no Porto como queria a presidente da AR.
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A presidente da Assembleia da República quis fazer a sessão solene do próximo 25 de Abril no Palácio da Bolsa, no Porto, mas nem todos os partidos estiveram de acordo e a cerimónia será, como habitualmente, no Palácio de S. Bento.
As celebrações da Revolução dos Cravos pela Assembleia da República foram hoje debatidas na conferência de líderes parlamentares, de acordo com o secretário da Mesa da Assembleia da República, o social-democrata Duarte Pacheco, que explicou que Assunção Esteves já tinha tudo acordado para realizar a sessão solene no Porto.
Porém, segundo a mesma fonte, não houve consenso entre os grupos parlamentares e a cerimónia terá lugar no mesmo local de sempre, a Assembleia da República, não tendo especificado quais os partidos que se opuseram.
A presidente do Parlamento, disse a fonte, espera poder fazer uma sessão itinerante noutra data ou momento "menos sacralizado".
Ainda assim, assegurou, as celebrações do 25 de Abril de 1974 terão um "programa extenso de atividades" no Parlamento, que começarão na véspera, com músicas de Zeca Afonso, e "carácter inovador", o que inclui a atuação de Paulo de Carvalho no início ou no final da sessão solene.
No ano passado, não se realizou a habitual sessão solene por ocasião do 25 de Abril na Assembleia da República devido à dissolução do Parlamento. Em vez disso, a data foi assinalada com uma cerimónia inédita no Palácio de Belém, que juntou os quatro Presidentes da República eleitos pós-revolução: Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Mário Soares e Ramalho Eanes.
A conferência de líderes que se realizou hoje de manhã debateu ainda a possibilidade de as votações em plenário passarem a ser sempre eletrónicas, para evitar demoras na contagem e na identificação de deputados que votam em sentido diferente ao da bancada a que pertencem.
A questão, segundo o porta-voz da conferência de líderes, foi levantada pela presidente da Assembleia, depois de ter surgido numa reunião dos presidentes das comissões.
Atualmente, a votação eletrónica só é usada quando são necessárias maiorias qualificadas para aprovar iniciativas.
Assunção Esteves manifestou também hoje na conferência de líderes a intenção de criar um grupo técnico com vista à simplificação legislativa, que detete leis obsoletas ou outras que tenham de ser reguladas e que, por isso, nunca tenham na prática entrado em vigor.
A presidente do Parlamento explicou, segundo a mesma fonte oficial, que este grupo exige um gasto financeiro e por isso a sua criação deverá ser debatida no âmbito da discussão do orçamento da Assembleia da República do próximo ano.
Assunção Esteves manifestou ainda a intenção de o Parlamento celebrar o Dia Mundial do Teatro (27 de março), disse a mesma fonte, sem revelar mais pormenores.